
Família denuncia negligência após morte de bebê durante parto
O parto que deveria marcar a chegada do pequeno Ravi terminou em tragédia na manhã desta quinta-feira (16), na Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande. A família denuncia negligência médica e afirma que Cláudia Batista da Silva, de 33 anos, foi induzida ao parto normal mesmo após exames indicarem que o bebê era grande demais para o procedimento. Segundo nota da maternidade, Cláudia foi internada na quarta-feira (15) com 40 semanas e quatro dias de gestação, por bolsa rota. A unidade informou que a gestante já havia tido dois partos normais e recebeu acompanhamento contínuo da equipe médica e de enfermagem. Durante o procedimento, houve ocorrência de distócia de ombro, uma complicação obstétrica grave e imprevisível que pode ocorrer mesmo em partos considerados normais. “Infelizmente, apesar de todos os esforços da equipe, o caso teve desfecho trágico com o óbito do recém-nascido”, diz trecho da nota. A maternidade afirmou ainda que “a princípio, não foi identificada qualquer falha ou indício de negligência na condução do atendimento”, mas que o caso será apurado pelas Comissões de Ética e de Óbito da instituição. Erro médico — a família, no entanto, contesta a versão e alega que o parto deveria ter sido cesáreo. Miriam Souza, de 49 anos, avó paterna do bebê, disse que a gestante apresentou exames mostrando que Ravi já tinha cerca de 3,5 quilos. “Mesmo sabendo que o neném era grande, resolveram induzir o parto normal. Durante o parto, o pai contou que o bebê nasceu com a cabeça torta e morreu no momento do nascimento. Eles colocaram o neném em cima da mãe, e ele não chorou”, relatou Miriam. Após o nascimento, houve confusão dentro da unidade. O avô da criança discutiu com um funcionário e acabou levado à delegacia após desferir um soco no servidor. Uma segunda viatura da Polícia Militar foi acionada para evitar novos conflitos. José Eduardo de Souza, de 28 anos, pai de Ravi, acompanhou todo o trabalho de parto e afirmou que o bebê sofreu por causa da demora e da insistência no parto normal. “Desde os primeiros exames, eles não fizeram outro ultrassom para tirar a medida certa. O bebê estava grande e gordo; não tinha como um parto normal ser realizado. Ficamos horas esperando. Ela tomou um remédio para dilatar mais e ficou nessa luta”, contou. Segundo José, o parto foi iniciado por volta das 8h, sem que fosse verificada novamente a dilatação. “A pressão foi tão grande que, pelo que eu vi, esmagou a cabeça do bebê. Criou um coágulo, já ali no parto, de tanto que forçou para sair. Se tivesse sido cesárea, não teria acontecido tudo isso. Eu vi a cabeça dele crescer na hora em que nasceu”, disse emocionado. O pai relatou ainda o impacto emocional da perda. “Eu estou desacorçoado, um pouco desacreditado ainda. Mas me apeguei a Deus e sei que nada acontece sem permissão Dele. Agora, meu filho é um anjo.”. José disse que a esposa, embora abalada, tenta se manter firme. “Ela pediu desculpas para mim, dizendo que devia ter feito mais força. Eu expliquei que a culpa não é dela. É uma criança, pô, uma vida. Era o meu sonho. Sonho era estar com ele aqui, chorando, crescendo e, um dia, ouvir: ‘Pai, venci na vida’”. A família informou que o parto foi realizado pelo SUS e que pretende registrar denúncia na Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul. “O que não justifica é ela ter todos os exames, o nenê estar saudável e, mesmo assim, fazerem um parto normal. Será que é porque o parto normal é mais barato? Nenhum ser humano merece ser tratado assim”, questionou a avó. Em nota, a Maternidade Cândido Mariano lamentou a morte de Ravi e manifestou “profundo pesar pela perda e solidariedade à família”, reforçando o compromisso com a ética, a humanização e a segurança no atendimento. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
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