
EUA conseguem bloquear imposto global sobre emissões de navios
O regulador mundial de transporte marítimo adiou a decisão de adotar uma taxa histórica sobre as emissões dos navios, uma medida que chama atenção, destacando os esforços do governo de Donald Trump para interromper a diplomacia climática internacional.
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O adiamento marca um retrocesso para as regulamentações ambientais multilaterais antes da cúpula climática COP30 no mês que vem, no Brasil.
Os países se reuniram na sede da Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês) em Londres esta semana para decidir se os navios devem pagar pelas mais de 1 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa que emitem anualmente. Na sexta-feira, eles votaram pelo adiamento dessa votação por um ano, seguindo uma proposta apresentada pela Arábia Saudita.
Especialistas do setor já esperavam que as regras fossem aprovadas, apesar da pressão dos EUA. Elas levaram anos para serem elaboradas e seriam a primeira taxa global fixa sobre emissões para qualquer setor — projetada para, inicialmente, arrecadar mais de US$ 10 bilhões por ano. Elas também abririam caminho para o fim do petróleo como combustível dominante na navegação e abririam caminho para alternativas mais limpas, como a amônia.
Embora o plano tivesse claro apoio internacional em abril, ele vacilou esta semana, quando os EUA aumentaram a pressão, ameaçando medidas abrangentes contra aqueles que apoiaram as regras planejadas, sobre as quais o presidente Donald Trump disse estar "indignado" na quinta-feira.
A União Europeia, que já incorporou o transporte marítimo em seu mercado de carbono e quer liderar o esforço global para definir um preço para as emissões, não conseguiu reunir apoio suficiente para aprovar o imposto.
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— A decisão de remarcar a votação demonstra claramente que a liderança europeia nas negociações internacionais sobre o clima não é suficiente — disse o vice-ministro do Clima da Polônia, Krzysztof Bolesta. — Precisamos da cooperação de outros países, e não há o suficiente deles por aí.
A Câmara Internacional de Navegação, que representa mais de 80% da frota mundial, disse estar decepcionada com o resultado e que a incerteza sobre o futuro do plano ameaça os investimentos necessários para tornar o setor mais limpo.
“A falha da OMI em adotar a estrutura esta semana marca uma falha desta agência das Nações Unidas em agir decisivamente sobre as mudanças climáticas”, disse Ralph Regenvanu, ministro de mudanças climáticas de Vanuatu.
Pressão dos EUA
O atraso na decisão demonstra o efeito que a pressão do governo Trump pode ter. Os EUA se opuseram veementemente às taxas de emissão de navios, chamando-as de "imposto global de carbono" para os americanos e alertando sobre impactos econômicos "desastrosos".
O governo americano havia instado outras nações a rejeitarem as regulamentações de "uma organização da ONU irresponsável", afirmando que algumas estimativas previam que os custos de transporte marítimo aumentariam em até 10% ou mais.
O Departamento de Estado havia dito que consideraria medidas como taxas portuárias, restrições de vistos, penalidades comerciais e sanções a autoridades. Anteriormente, também havia mencionado tarifas como parte de possíveis respostas, embora não estivesse claro se elas permaneceriam em pauta.
Trump disse que os EUA não adeririam ao imposto sobre o carbono "de nenhuma maneira, formato ou forma" e que estava "indignado" com o fato de a OMI estar realizando uma votação.
— Impedir essa votação desastrosa é uma grande vitória para o povo americano e para os países ao redor do mundo — disse a porta-voz da Casa Branca, Taylor Rogers.
Os EUA também pressionaram os planos esta semana, solicitando mais uma medida para a adoção da taxa caso os países votassem a favor, propondo que as nações optassem explicitamente por ela após a votação, em vez de um processo de "aceitação tácita". Isso efetivamente adicionaria mais um obstáculo para a entrada em vigor da medida.
Houve sinais de hesitação esta semana. A Bloomberg noticiou na quinta-feira que Atenas, que há muito tempo se mostrava cética em relação ao plano devido ao impacto em sua indústria marítima, estava considerando se abster.
Na sexta-feira, Singapura — anteriormente apoiadora do plano — propôs que os países adiassem a votação da taxa. A proposta foi apoiada pela Arábia Saudita, que já era contra a regra.
As tensões entre os países aumentaram ao longo da semana e, na sexta-feira, ficou cada vez mais claro que a votação sobre a adoção do imposto estava em sérias dúvidas. China, Grécia, Índia e Panamá,que apoiaram os planos em abril, votaram pelo adiamento da decisão ou se abstiveram.
Ainda assim, a votação por um atraso de um ano não reflete necessariamente como uma votação para adotar a cobrança poderia ter ocorrido, porque m
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