Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

‘Estou cada vez mais perto do timbre do Chorão’, diz José Loreto, que vive líder do Charlie Brown Jr. em cinebio

15/10/2025 05:01 O Globo - Rio/Política RJ

Acordar e dormir ouvindo dezenas de músicas da banda Charlie Brown Jr. foi o primeiro passo de José Loreto para encarar a missão de interpretar Chorão, o vocalista do grupo, na cinebiografia que conta a história do artista morto aos 42 anos, em 2013. O filme protagonizado por José Loreto, “Chorão: só os loucos sabem”, é inspirado na biografia escrita por Graziela Gonçalves, viúva do músico. Outra decisão que Loreto considera importante, como disse ao GLOBO durante uma visita às filmagens, foi mudar toda a essência de seu guarda-roupa — agora numa pegada mais “urbana”, com peças largas e bonés.
— Busquei ao máximo me “embriagar” do Chorão para poder chegar ao set sem ficar preocupado se pareceria uma imitação. Queria ter todas as informações possíveis, então, sinto que estou preenchido por ele. Canto e escuto as músicas todos os dias, o dia todo. Acordo e vou dormir vendo tudo o que está relacionado ao Chorão. Até enchi minhas gavetas (com referências) e mudei meu guarda-roupa. Nas primeiras fotos que vazaram para a imprensa (durante as filmagens) em Santos, na verdade eu nem estava caracterizado… Só estava andando de skate pela cidade, como eu mesmo — diz o ator, de 41 anos.
Nas filmagens em São Paulo acompanhadas pelo GLOBO, a equipe rodava uma cena com Loreto e os atores que dão vida aos demais integrantes da banda — o baixista Champignon (Pedro Tirolli), os guitarristas Marcão Britto (Gustavo Cintra) e Thiago Castanho (Rony Frauches), e o baterista Renato Pelado (Gabriel Ferrara). A preocupação era dar o devido tom à dualidade de Chorão, figura conhecida por ser ora explosiva, ora carinhosa.
— Recebi o papel no momento mais precioso e certo. Fiquei por muito tempo atrás dele, mas acredito que eu estaria ferrado se viesse antes, porque não tinha a vivência necessária para poder contar a história dele. O Chorão habita os extremos, ao mesmo tempo que foi às profundezas, também era um cara muito coração. Mas essa complexidade é maravilhosa, porque são mais elementos para me divertir em cena. E o Chorão é um prato cheio, já virou o meu prato favorito. É a história que eu mais queria contar, então minha entrega foi absoluta — diz o ator, que este ano completa duas décadas de carreira.
O título do livro de Graziela Gonçalves que serviu de base para o roteiro de Duda de Almeida é “Se não eu, quem vai fazer você feliz? Minha história de amor com Chorão”. Não à toa, o intenso relacionamento do casal será um dos destaques do longa. Na trama, Graziela, que lançou o livro em 2018, cinco anos após a morte de Chorão, é interpretada por Nanda Marques, que integrou o elenco do remake de “Vale tudo”, da TV Globo.
— Durante muito tempo, acho que a Grazi ficou na sombra do Chorão, a história dela ficou misturada à dele em uma relação simbiótica. Mas, desde a publicação do livro, ela foi mostrando o lugar dela no mundo. O filme vai ser uma maneira de o público ver a potência dessa mulher, a diferença que ela fez na vida dele e o que eles construíram juntos — afirma a atriz.
Nanda diz que a troca com Loreto, “sempre generosa”, foi o que a auxiliou na construção da personagem.
— Ele me ensina e me ajuda muito. Fizemos uma preparação longa, que durou mais de um mês, onde colocamos toda a nossa intimidade para jogo. A gente se expôs muito e, por isso, acabou se aproximando ainda mais. Nossa troca teve muito carinho — conta a atriz, já dando pistas do novo casal na praça.
Nanda e Loreto chamaram atenção ao compartilharem fotos românticas em viagem a Caraíva, na Bahia. Na publicação, o casal aparecia de mãos dadas, e há um vídeo que reforça o clima de romance. “A vida é para quem sabe viver. Procure aprender a arte”, escreveu o ator na legenda. Em setembro, eles foram vistos aos beijos no festival The Town, na capital paulista, mas a oficialização do relacionamento veio apenas agora.
‘Escritório na praia’
Antes das filmagens em estúdio em São Paulo, a equipe do longa passou uma temporada em Santos, litoral paulista. Foi na cidade praiana, berço do Charlie Brown Jr., que Alexandre Magno Abrão (o Chorão) fundou a banda, em 1992. Para os diretores do filme, Hugo Prata e Felipe Novaes, a passagem por Santos era crucial para a construção do longa, que tem previsão de estreia em 2026.
— Chorão era um cronista da cidade, a trazia como referência em suas músicas o tempo todo. Tudo começa lá, inclusive o relacionamento dele e da Grazi. É onde ela mora até hoje, inclusive. A cidade tinha que estar na tela — diz Prata.
Responsáveis também pelo documentário “Chorão: marginal alado”, de 2021, os diretores contam que a viúva e a família do músico não opinaram no novo projeto.
— Quando fizemos o documentário, a Grazi estava num momento muito delicado, de luto. Então, fizemos um projeto sensível que nos aproximou dela. Foi esse sentimento que nos levou a adaptar o livro agora. Nós licenciamos o livro e, a partir desse momento, a Grazi não fez parte das decisões, não fez exigências nem teve vetos. Ela verá o filme só nos cinemas — brinca Novaes.
A

Fonte original: abrir