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Espera de até 7 anos: fila do SUS no RS não diminuiu nove meses após medidas anunciadas pelo poder público

04/11/2025 07:00 G1 RS

Fila para especialistas no SUS passa de 670 mil pedidos
Nove meses depois do governo do Estado e do Ministério da Saúde anunciarem medidas para reduzir as filas de espera por médicos especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS), a situação pouco mudou no Rio Grande do Sul.
Quase 670 mil pessoas ainda aguardam por uma consulta, segundo dados obtidos pelo Grupo de Investigação (GDI) da RBS, via Lei de Acesso à Informação. Em alguns casos, a espera chega a sete anos.
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Os números mostram que, mesmo com programas lançados pelas três esferas de governo (municipal, estadual e federal), o tamanho da fila praticamente não diminuiu desde dezembro do ano passado, quando o GDI começou a acompanhar o problema.
Entre as especialidades mais procuradas estão oftalmologia (153.988 pedidos), ortopedia (80.363), reabilitação (43.040), cirurgia geral (38.701) e otorrinolaringologia (32.381).
Em Alvorada, o aposentado Juarez Antônio Machioli espera desde 2021 por uma consulta com especialista em ouvidos.
“Se eu não tomar uma providência, posso ficar surdo. Espero que me chamem antes que seja tarde”, diz.
O levantamento obtido pela reportagem mostra que a fila total soma 667.892 pedidos de consulta.
Em dezembro, a vida do aposentado Claudino Moraes Munhoz será marcada por um aniversário: ele aguarda há sete anos por um especialista em tratamento bariátrico pelo SUS.
“Está exatamente como da primeira vez que nós conversamos. Nenhum exame, nenhuma consulta, nada foi solicitado”, lamenta.
Claudino Moraes Munhoz aguarda por tratamento bariátrico pelo SUS
Reprodução/ RBS TV
Acompanhada em tempo real pelo GDI, a situação dele foi mostrada pela RBS TV em fevereiro e junho. E piorou.
“Eu não consigo ficar muito tempo de pé, não consigo caminhar. Tenho dificuldade até para fazer as coisas básicas dentro de casa”, conta Claudino.
Segundo o governo do Estado, o tempo médio de espera por uma cirurgia bariátrica é de 832 dias, cerca de dois anos e três meses. Outro exemplo é o tratamento para transtorno do espectro autista (TEA), que registra uma média de 868 dias de espera.
A dona de casa Priscila Amaral Capitão, mãe de duas crianças diagnosticadas com TEA, aguarda há quase dois anos o início do acompanhamento especializado para os filhos.
“O Bernardo tem atraso na fala e apraxia, tem dificuldade até de escrever o próprio nome. A Manuela tem rigidez, o que atrapalha muito o dia a dia. Meus filhos poderiam estar voando, mas a gente só espera”, desabafa.
Segundo o levantamento, o tempo médio de espera por um urologista é de 441 dias. Em Passo Fundo, um paciente, que prefere não se identificar, aguarda desde fevereiro de 2024 por atendimento para tratar problemas de próstata.
“Eu fiz a biópsia há quase dois anos e até hoje não consegui mostrar o exame a um médico. A gente fica nessa angústia, sem saber o que pode estar acontecendo”, relata.
Depois de investigações e condenações que atingiram gestões anteriores, e de uma denúncia revelada pelo GDI em dezembro sobre o descumprimento do índice mínimo de investimento em saúde, o Ministério Público firmou um acordo com o governo do Estado para que o Rio Grande do Sul aplique 12% da receita em saúde até 2030, de forma escalonada.
O Conselho Estadual de Saúde, no entanto, contesta o acordo. Em moção aprovada em agosto, o colegiado defende que o percentual seja aplicado imediatamente, e não de forma gradual. O colegiado também critica uma cláusula que permite reavaliar os repasses em caso de dificuldades financeiras do estado.
“Pedimos (providências) para o Conselho Nacional de Saúde e Ministério da Saúde e para o Ministério Público Federal. E já veio a resposta para o Conselho Estadual dizendo que a Comissão de Saúde do Ministério Público Federal não se sente competente para julgar esse termo de autocomposição. Então, nós estamos avaliando agora qual instância nós vamos procurar”, explica.
O Ministério Público Estadual não quis comentar as críticas do conselho. Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde também não se manifestou sobre a moção de repúdio, mas disse que assegura que o “SUS Gaúcho” já contabiliza 30 mil consultas médicas extras realizadas e agendadas, por meio de um aporte de R$ 1,025 bilhão entre 2025 e 2026.
Já o Ministério da Saúde declarou que a “gestão das filas de espera do SUS cabe aos estados e municípios, responsáveis diretos pela oferta e regulação dos serviços de saúde” e que, em apoio, criou o programa "Agora Tem Especialistas", que, com um conjunto de ações, objetiva aumentar a capacidade de atendimento do SUS para reduzir o tempo de espera por consultas, exames e cirurgias”.
Sala de cirurgia
Reprodução/ RBS TV
Nota do Ministério da Saúde
"O Ministério da Saúde reforça que a gestão das filas de espera do SUS cabe aos estados e municípios, responsáveis diretos pela oferta e regulação dos serviços de saúde. Em apoio aos estados e municípios, o governo federal criou o programa Agora Tem Especialistas, que, com um conjunto de ações, objeti

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