
Entrevista: ‘Orientação é demitir, e o natural é ficar no governo quem tiver compromisso com a reeleição de Lula’, diz Gleisi
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, disse que a promessa de apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve entrar na mesa de negociação com os deputados que pretendem manter a indicação de cargos no governo federal. A chefe da articulação política acrescenta que a ordem é demitir os representantes de todos os parlamentares que votaram contra a Medida Provisória alternativa ao IOF. A ministra ainda criticou a taxa de juros de 15% mantida pelo Banco Central comandado por Gabriel Galípolo, indicado para o posto por Lula.
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O governo terá só 193 deputados na base daqui para frente? Foi o número de votos que a MP alternativa ao IOF teve na Câmara.
Não. Teremos uma base maior. Vamos trazer mais deputados para completar, por isso estamos reorganizando. Quem votou contra a Medida Provisória, que era de interesse do país, não pode permanecer. Votou contra o governo.
O governo já começou a demitir indicados de deputados que votaram contra a MP. Essas mudanças vão atingir quantos cargos?
Estamos fechando agora. É um número considerável. Estamos considerando todas as áreas e instituições. Nossa orientação é afastar os indicados de deputados que votaram contra. Demitir, e depois a gente vai reorganizar a base. Já houve um revés com o decreto do IOF (derrubado pelo Congresso). Como teve a reincidência, temos não só o direito, mas o dever de reorganizar a base.
Dentro dessa reorganização, o deputado que mantiver o cargo terá que apoiar o Lula em 2026?
Primeiro, tem que assumir um compromisso de votar conosco no Congresso Nacional. Óbvio que seria correto e natural ter um compromisso com o presidente, já que está participando do governo. Então, tem um compromisso com a reeleição do presidente.
Mas isso será colocado à mesa?
A gente tem que começar a conversar sobre isso com os líderes e com os parlamentares.
Quem perdeu o cargo pode procurar o governo e dizer que agora vai votar a favor?
Temos muitos deputados com quem conversar. Nosso primeiro foco são os que não estavam na votação. Num segundo momento, podemos falar com alguns que possam ter se arrependido, se justificado e façam o compromisso daqui para frente de votar as matérias com o governo.
A senhora não teme que esses deputados que vão ficar sem os cargos assumam uma posição mais dura de oposição, prejudicando ainda mais o governo?
Mas o que eles vão fazer além de votar contra o governo como já estão votando?
Gilberto Kassab é presidente do PSD, que tem três ministérios, e atuou para derrotar a MP. O que achou da posição do partido?
O PSD nunca veio na totalidade para o apoio ao governo. Sempre deu votos ao governo, às vezes a metade da bancada, às vezes mais do que a metade... Nossa posição em relação ao PSD é prestigiar os deputados que estão votando com o governo.
Quem também atuou para barrar a MP foi o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. É uma tentativa de enfraquecer o presidente Lula pensando em 2026?
A postura do Tarcisio tem sido lamentável. Teria que se preocupar com São Paulo. Já é a segunda ou terceira intervenção que ele faz em Brasília para tentar defender os interesses dele. Teve uma grande intervenção na anistia e deu no que deu. Agora, de novo, operando contra o Brasil. É um desserviço o que esse governador está fazendo.
Acredita que ele vai ser o adversário em 2026?
É difícil a gente prever quem vai ser candidato à Presidência. Nós só temos uma certeza: o Lula será.
A senhora enxerga algum partido que não estava com Lula em 2022 e possa estar agora?
É possível que a gente tenha partes desses partidos apoiando e não a totalidade. Em 2022, por exemplo, partes consideráveis de MDB e PSD já apoiaram. Penso que isso vai se repetir em 2026. Vamos trabalhar o máximo que pudermos para trazer o partido por inteiro, fazendo uma coligação. O Republicanos e o PP terão partes conosco. Com o União Brasil, por exemplo, temos uma caminhada conjunta no Amapá e podemos ter no Pará. Esse tipo de arranjo partidário para apoiar o Lula é bem possível.
A tendência é a chapa se repetir com o Geraldo Alckmin na vice?
O Alckmin é um excelente vice. A gente gosta muito dele, mas obviamente que isso depende de uma conversa dele com o presidente e os partidos. Não estou inteirada disso.
A um ano da eleição, Lula não tem palanques definidos nos dois maiores estados do país, São Paulo e Minas Gerais. Quais os caminhos discutidos?
Essa é uma discussão que se faz mais no âmbito do partido. É muito importante que haja essa construção dos palanques. Em Minas, o presidente tem falado muito no Rodrigo Pacheco ser o candidato a governador. Ele (Lula) está convencido que, se for candidato, (Pacheco) vai ser eleito. Em São Paulo, nós temos nomes importantes: (Fernando) Haddad, (Geraldo) Alckmin... O PT não ficará
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