
'Dia Sem Reis': mais de 2.500 cidades dos EUA organizam atos contra Trump neste sábado
Em junho, a parada militar em Washington, sonho antigo do presidente dos EUA, Donald Trump, dividiu atenção com o movimento "No Kings" (ou "Dia Sem Reis", em tradução livre), com o qual milhares de pessoas em dezenas de cidades do país realizam protestos contra a Casa Branca. Agora, eles voltam às ruas neste final de semana em mais de 2.500 cidades, segundo a CNN, para uma segunda rodada em meio à paralisação do governo e à pressão do republicano pelo envio de tropas da Guarda Nacional. Críticos especialmente a política migratória, os opositores têm motivado numerosos atos e batalhas legais ao longo do ano.
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O número de localidades previsto para este sábado é significativamente maior que o da última edição, um sintoma da rejeição crescente da população ao que seus organizadores definem como a agenda "autoritária" de Trump. Enquanto isso, o governo federal e seus apoiadores os classificam como "marxistas" e "radicais de extrema esquerda", que estariam contra os "interesses dos EUA".
Para alguns líderes republicanos, os protestos são rotulados como antiamericanos e de "ódio à América". O presidente da Câmara, Mike Johnson, alegou, sem provas, que os atos contribuíram para a paralisação do governo em curso há 18 dias, sugerindo também que os integrantes seriam "pró-Hamas". E o senador Roger Marshall afirmou que "manifestantes profissionais" e "agitadores" aparecerão. Ele chegou a sugerir que a Guarda Nacional teria que ser usada para contê-los.
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Antes, o “Dia Sem Reis”, organizado por uma coalizão de ativistas e turbinado nas redes sociais, mobilizou cerca de 1,5 mil atos em todos os 50 estados americanos, incluindo na capital, Washington, onde Trump ameaçou usar a força caso houvesse qualquer tipo de interferência em sua parada militar. Por sinal, o evento, raro nos Estados Unidos, foi o catalisador para o movimento — além das centenas de decretos executivos impetrados pelo magnata nas primeiras semanas de governo.
“A mobilização ‘Sem Reis’ é uma resposta direta ao desfile militar e comemoração de aniversário de Donald Trump, que custou US$ 100 milhões (o custo oficial anunciado pelo Pentágono foi de US$ 45 milhões), um evento financiado pelos contribuintes enquanto milhões de pessoas são informadas de que não há dinheiro para a Previdência Social, SNAP, Medicaid ou escolas públicas”, afirmam os organizadores em comunicado.
Manifestantes marcham perto do Capitólio estadual da Geórgia, em Atlanta, durante protesto do "Dia Sem Reis"
Dustin Chambers/The New York Times
Entenda
Um dos maiores protestos de junho aconteceu em Atlanta, na Geórgia, onde milhares de manifestantes se concentraram diante do Capitólio estadual. Em meio a bandeiras americanas, os participantes criticavam os gastos com a parada militar em Washington, apontando o contraste entre o discurso de austeridade — que até o mês passado era personificado pelo bilionário Elon Musk — e o dinheiro gasto para fazer com que os tanques e tropas caminhem pela capital americana.
— Discordo totalmente disso. As pessoas estão com fome. As pessoas estão sofrendo. Precisamos desse dinheiro em outros lugares — disse Renee Hall-George, assistente social, à rede CNN. — Que tal financiar a educação? Que tal alimentar as pessoas? Que tal oferecer assistência médica?
Protesto do "Dia Sem Reis", contra o presidente dos EUA, Donald Trump, em Bethesda, no estado de Maryland
Danny KEMP / AFP
Em Houston, um dos poucos redutos democratas no Texas, e onde o governador republicano Greg Abbott mobilizou cinco mil membros da Guarda Nacional antes dos protestos, as críticas se concentravam nos eventos em Washington e no crescente número de prisões de imigrantes, ordenadas pelo governo Trump: na multidão, um cartaz se destacava, “nenhum filho de Deus é ilegal”, uma resposta ao discurso da Casa Branca contra a chamada “imigração ilegal”.
Em uma "base" democrata, Nova York, os atos começaram apesar da chuva insistente na cidade. No Parque Bryant, em Manhattan, os discursos traziam acusações de que Trump e seu governo não atuam mais para criar um ambiente seguro para os EUA, “mas sim por pura crueldade”. Outra fala recorrente era sobre o “crescente autoritarismo” das autoridades federais. Em Staten Island, a região mais conservadora da cidade, outro protesto pedia que os carros buzinassem em apoio — um motorista, além de não buzinar, abaixou o vidro e gritou “longa vida ao rei”.
Policiais da cidade de Brooklyn Park, no estado de Minnesota, onde a deputada estadual Melissa Hortman e o marido dela foram mortos
Stephen Maturen/Getty Images/AFP
“Achamos importante nos reunirmos pacificamente. Diante desse horror, lamentaremos e expressaremos nossa determinação por um futuro pacífico, justo e democrático”, afirmaram os organizadores de um dos protestos, em Minneapolis. “Nossa equipe de lide
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