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Crime perfeito ou sorte? Relembre o assalto audacioso de R$ 40 milhões no aeroporto de Miami que não deixou vestígios há 15 anos

07/11/2025 07:02 O Globo - Rio/Política RJ

Quando se pensa em um roubo milionário, a primeira imagem que vem à mente são cofres blindados, armas e criminosos experientes. No Aeroporto Internacional de Miami, em 6 de novembro de 2005, o “peso” das sacolas de dinheiro – quase 20 quilos cada – seria o maior desafio dos assaltantes, e não a polícia ou o FBI. Em poucos minutos, quatro homens comuns levaram US$ 7,4 milhões (cerca de R$ 40 milhões) sem disparar um tiro, deixando autoridades perplexas com a precisão do golpe.
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O assalto aconteceu em um depósito da Brinks, onde os criminosos renderam os seguranças, fizeram-nos deitar no chão e fugiram com seis das 42 sacolas de dinheiro. Um detalhe curioso: um saco foi abandonado por ser pesado demais, e uma máscara caiu próximo à porta, quase denunciando a operação. A ação parecia saída de um filme ou de meses de planejamento meticuloso, mas a verdade era muito mais improvável.
A simplicidade que confundiu especialistas
Karls Monzon, cubano-americano de 32 anos e motorista de equipamentos de construção, liderava o grupo. Sem antecedentes criminais, ele foi inspirado por uma conversa casual com Onelio Díaz, amigo e segurança da Brinks, que revelou vulnerabilidades no depósito. Monzon passou meses observando a movimentação do dinheiro, identificando pontos cegos e planejando a fuga, utilizando apenas sua experiência de vida e horas assistindo a filmes e documentários sobre assaltos.
Para o FBI e a polícia, a semelhança com um roubo ocorrido no Aeroporto JFK em 1978 reforçava a hipótese de uma organização criminosa estruturada, possivelmente ligada à máfia. Mas o que aconteceu em Miami era obra de familiares comuns: Monzon recrutou seu cunhado Jeffrey Boatwright, o tio por casamento Conrado Pereda, conhecido como Pinky, e um colega de trabalho, Roberto Pérez.
Do roubo ao sequestro
A fuga foi rápida. Após retirar o dinheiro das sacolas originais, eles queimaram as caminhonetes usadas na operação. O FBI e a polícia, sem impressões digitais ou pistas, ofereceram uma recompensa de US$ 150 mil, enquanto os criminosos tentavam manter um perfil discreto. Exceto Jeffrey, que gastava o dinheiro de forma ostentosa, atraindo atenção indesejada.
O estilo de vida extravagante do cunhado levou a dois sequestros, exigindo resgates pagos pelos próprios cúmplices. Eventualmente, Jeffrey colaborou com o FBI, permitindo que Monzon e os demais fossem identificados. As penas variaram de seis a dezesseis anos para os participantes, com Monzon conseguindo redução para seis anos devido à cooperação.
Dos US$ 7,4 milhões roubados, apenas US$ 1,2 milhão foi recuperado. Monzon e Cinnamon, sua esposa, se separaram durante a prisão. Hoje, Monzon voltou a trabalhar como motorista de guincho e afirma ter retomado uma vida tranquila: “Não uso drogas, não saio com ninguém. Vou trabalhar, volto para casa e pronto. Não me arrependo de nada”.

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