Clima adverso impacta safra de cana-de-açúcar em MS, mas produção segue em alta
O comportamento climático em Mato Grosso do Sul durante a safra 2025/26 apresentou desafios significativos para a produção de cana-de-açúcar. De acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), as lavouras enfrentaram períodos de restrição hídrica, irregularidade das chuvas e temperaturas elevadas. Esses fatores impactaram diretamente o desenvolvimento das plantações, sobretudo na região Centro-Sul do estado. Entre julho e agosto, as precipitações ficaram abaixo da média histórica, comprometendo a qualidade da matéria-prima. Além disso, episódios de geadas em julho causaram queimaduras nas folhas e danos em áreas jovens, exigindo replantio em alguns talhões. Essa combinação de adversidades provocou atraso na colheita, e parte das usinas deverá estender suas operações até meados de dezembro. Apesar das dificuldades, boa parte da área plantada já foi colhida, sem previsão de rebrota de canaviais, a menos que o volume de chuvas nos próximos meses ultrapasse a média e dificulte o avanço das colheitadeiras. Já a região norte do estado apresentou um cenário distinto: registrou chuvas atípicas em julho e agosto, que favoreceram a brotação da cana recém-colhida e ajudaram a reduzir os focos de incêndio. No entanto, o padrão se tornou mais instável a partir de setembro, prejudicando o desenvolvimento das plantas em alguns pontos. Do ponto de vista fitossanitário, a safra mostrou controle eficaz das principais pragas. Casos pontuais de broca e cigarrinha foram manejados com sucesso, e a incidência de murcha-da-cana foi menor que a registrada no ciclo anterior. Em contrapartida, houve aumento da presença do inseto Sphenophorus levis em áreas centrais, o que levou à adoção de medidas específicas nas soqueiras. A aplicação preventiva contra a estria-vermelha segue sendo mantida, com baixa ocorrência da bactéria até o momento. Mesmo diante de um início de safra complicado, a perspectiva de produção permanece positiva. O Mato Grosso do Sul deve produzir cerca de 2,5 milhões de toneladas de açúcar, além de 2,76 bilhões de litros de etanol, sendo 956 milhões de litros de anidro e 1,8 bilhão de hidratado. A combinação de eficiência industrial, contratos antecipados e estratégias de proteção de preços permitiu que o setor mantivesse estabilidade financeira, mesmo com a queda das cotações do açúcar em setembro. As usinas continuam operando com o mix planejado, compensando o menor teor de ATR observado nos primeiros meses da safra. O etanol, apesar dos preços mais modestos, ainda apresenta margem positiva. Algumas unidades já estudam ajustar o mix para o próximo ciclo, visando reduzir riscos de comercialização. Com o bom desempenho dos cultivos de segunda safra e a perspectiva de aumento de 5,7% na produção total de açúcar nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, o setor sucroenergético vive um momento de reorganização e aposta em diversificação. Indústrias do estado planejam novos investimentos em plantas de etanol de milho, ampliando a integração entre culturas e fortalecendo a sustentabilidade da cadeia produtiva.
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