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Brasil tem 1º banco virtual de amostras de animais para evitar doenças

15/10/2025 08:23 GazetaWeb - Política

Macaco bugio, espécie que foi atingida por surto de febre amarela no Horto Florestal em 2017.


— Foto: Divulgação/ICMBio









O Brasil lançou o primeiro banco de dados virtual nacional com amostras biológicas da fauna do país. O objetivo é evitar tanto surtos de doenças que afetam seres humanos como as que ameaçam os animais e os colocam em perigo até de extinção.O Biorrepositório Nacional da Biodiversidade, ou Bionabio, é um espaço digital que pode ser acessado por profissionais e entidades de todo o país para inserir, consultar e compartilhar informações em uma grande rede colaborativa.A iniciativa, liderada pelo pesquisador Ricardo Dias, da Universidade de São Paulo (USP), tem financiamento do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) e da Fapesp, e conta com a participação de diversas instituições, como a Fiocruz, universidades, secretarias de Saúde e unidades de vigilância de zoonoses.Segundo Dias, já existe também um diálogo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.👉 Como funciona? É descoberto, por exemplo, um surto de gripe aviária em uma determinada região. Pesquisadores locais verificam no Bionabio se outras instituições têm amostras biológicas de aves com a doença coletadas em outras partes do país para identificar como o vírus evoluiu. Essas análises vão ajudar as autoridades a agir de forma mais rápida para conter a doença.Isso é um grande trunfo. Quando a gente pensa em amostras, a gente só consegue pensar em freezers com caixinhas e tubos dentro. A infraestrutura física é importantíssima, mas tem que ter um nível de organização informacional, senão aquelas amostras perdem muito do seu valor.— Ricardo Dias, pesquisador da USP e médico veterinárioAtualmente, está na fase de captação de dados sobre as amostras que estão em tubos de ensaio em diferentes localidades.A meta é chegar a mil espécies cadastradas até o final deste ano no site da Bionabio.E o potencial é imenso. Em apenas uma das oficinas técnicas para apresentar o projeto, só as entidades presentes - cerca de cem - informaram ter amostras, como sangue, tecido e pelos, de mais de 60 mil espécies em seus arquivos.“Essa troca de informações vai permitir que o poder público e entidades consigam dar uma resposta mais prontamente, saber de onde está vindo, para onde está indo, o que está acontecendo. Coisa que, atualmente, não é impossível, mas é superdifícil. Superdifícil porque não se sabe exatamente quem tem amostra do quê", explica o virologista Anderson Fernandes de Brito, coordenador científico do ITpS.




























































Infográfico - O que é o Bionabio, banco de dados virtual com amostras biológicas da fauna brasileira.


— Foto: Arte/g1









Evolução das doenças






























































Macaco bugio, espécie que foi atingida por surto de febre amarela no Horto Florestal em 2017.


— Foto: Divulgação/ICMBio









Segundo o pesquisador Ricardo Dias, que é médico veterinário, além de reunir registros históricos de ocorrências pelo país, o banco nacional também tem caráter prospectivo ao permitir estudar a evolução de patógenos, algo fundamental para a epidemiologia.Dias usa como exemplo um surto severo de febre amarela que, em 2017, afetou drasticamente a população de bugios do Horto Florestal, parque na Zona Norte de São Paulo, e causou a morte de dezenas de macacos.A descoberta de um bugio morto acendeu o alerta para a presença do vírus e levou ao fechamento temporário do parque e ao reforço de uma campanha de vacinação na região.Se tem uma amostra de 2017 guardada em uma instituição e quero estudar a evolução do vírus, posso fazer contato para propor uma parceria. Ou, se a doença aparecer em outro estado onde antes não tinha, é possível, a partir dos dados, analisar a questão geográfica e o caminho da evolução do vírus, tudo isso dá para a gente ver prospectivamente.— Ricardo Dias, pesquisadorProtocolo para coleta






























































Tubo de ensaio.


— Foto: Pexels/Karolina Grabowska









Outro ponto crucial do projeto foi estabelecer protocolos que devem ser seguidos para fazer a coleta, o acondicionamento e o transporte das amostras."Com muita frequência, esses protocolos não estão muito bem definidos, e as amostras são exportadas de mane

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