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Brasil e Malásia fortalecem parcerias em comércio e investimentos; confira o discurso completo de Lula

25/10/2025 06:01 G1 - Política

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em evento com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim.
Reprodução/X/ricardostuckert
Em visita histórica à Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro Anwar Ibrahim assinaram atos de cooperação com o objetivo de intensificar e diversificar o comércio e os investimentos entre os dois países.
O foco são setores estratégicos como energia, ciência, tecnologia e inovação. A visita marca a primeira presença de um presidente brasileiro na Malásia em 30 anos e eleva a relação bilateral a um novo patamar.
Durante a cerimônia, Anwar Ibrahim destacou a amizade pessoal com Lula e a convergência de valores entre os dois países. Segundo o primeiro-ministro, Lula é um líder que representa a classe trabalhadora, cuida dos pobres e desprivilegiados e tem coragem de se opor aos horrores do mundo com dignidade.
Ele também agradeceu a hospitalidade do Brasil em fóruns internacionais, como o BRICS, e reafirmou a importância da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) ser realizada no país.
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Anwar reforçou a intenção de compartilhar conhecimento em setores como energia, tecnologia, educação e cultura, além de ampliar a importação de produtos brasileiros. "Este não é um encontro diplomático ordinário. É um encontro de amigos que compartilham ideais", disse.
Para Lula, a visita também teve caráter estratégico global. Ele criticou o protecionismo e destacou a importância de paz, livre comércio e humanismo. "A relação do Brasil com a Malásia muda de patamar a partir de hoje. Temos possibilidade de mudar o mundo e fazer com que as coisas sejam melhores, de mostrar que o humanismo não seja derrotado pelo político", afirmou.
O presidente brasileiro também falou sobre sua trajetória pessoal e o compromisso com políticas sociais: "Quando assumi em 2003, tínhamos 54 milhões de pessoas passando fome. Em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome. Retornei ao governo e, em dois anos e meio, conseguimos reduzir novamente a fome. Cuidar dos pobres é a coisa mais barata e fácil de se fazer", disse.
Lula criticou a falta de governança global e a ineficácia de instituições multilaterais diante de guerras recentes e crises humanitárias, como o conflito em Gaza. Ele também destacou a urgência das questões climáticas e a necessidade de instrumentos globais de governança.
"A COP30 será a COP da verdade. O risco climático afeta mais os pobres, que vivem nas periferias das cidades e serão vítimas de secas, ventos e furacões", afirmou.
O presidente destacou ainda que o comércio bilateral precisa crescer, atualmente limitado a apenas US$ 6 bilhões. "Precisamos juntar nossas preocupações, identificar similaridades e fortalecer a transferência de tecnologia e conhecimento entre os países", disse.
O encontro foi descrito pelos líderes como um encontro de amigos e não apenas diplomático, com o compromisso de transformar a relação Brasil-Malásia em um pilar estratégico de comércio, investimentos, política e cultura, além de abordar questões globais como governança, direitos humanos e mudanças climáticas.
O presidente brasileiro ainda será homenageado com o título de doutor honoris causa pela Universidade Nacional da Malásia, em cerimônia prevista para este sábado.
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"É com muita alegria que eu estou nessa querida cidade, Kuala Lumpur. Eu tenho na minha cabeça a ideia de que a relação entre seres humanos é uma coisa muito química. Quando a gente encontra um ser humano, a gente gosta ou não gosta da pessoa à primeira vista.
E desde a primeira vez que eu encontrei com o nosso querido companheiro Anwar Ibrahim [primeiro-ministro da Malásia] e nos cumprimentamos, eu tinha certeza de que eu estava diante de um amigo. De alguém que, como eu, tinha sido perseguido, de alguém que, como eu, tinha sido preso, de alguém que, como eu, tinha sido vítima de uma determinação de acabar com a sua carreira política. Isso aconteceu com Vossa Excelência, e isso aconteceu comigo. E cá estamos nós dois, você como primeiro-ministro da Malásia, e eu como presidente da República, para causar um pouco de raiva nos nossos inimigos.
É assim que as coisas acontecem no mundo. A relação do Brasil com a Malásia muda de patamar a partir de hoje. Eu não vim aqui apenas com o interesse de vender ou com o interesse de comprar. Eu vim aqui dizer ao primeiro-ministro Anwar Ibrahim que nós temos possibilidade de mudar o mundo. De fazer com que as coisas sejam melhores, de fazer com que o humanismo não seja derrotado pelos algoritmos. De dizer ao mundo que o mundo precisa de paz e não de guerra. De dizer ao mundo que nós precisamos de livre comércio e não de protecionismo.
De dizer ao mundo que nós precisamos de mais comida e de menos armas. Esse é o objetivo da minha visita à Malásia. E eu quero que o primeiro-ministro saiba que eu levo essas questões com muita seriedade.
Eu

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