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Análise: ao escolher o substituto de Barroso, Lula terá que optar entre manter o critério da confiança e garantir boa relação com o Senado

11/10/2025 12:01 O Globo - Rio/Política RJ

Ao escolher o substituto de Luís Roberto Barroso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viverá o dilema entre manter o critério adotado até aqui, neste terceiro mandato, de optar por um nome de sua estrita confiança e garantir a manutenção da boa relação estabelecida com o Senado.
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Se seguir pelo primeiro caminho, o indicado do petista será o advogado-geral da União, Jorge Messias. Caso se defina pelo segundo, o posto deve ficar com Rodrigo Pacheco, que tem o apoio das principais lideranças do Senado, inclusive do senador Davi Alcolumbre (União-AP).
Auxiliares do presidente com assento no Palácio do Planalto temem que a escolha de Messias, visto no entorno de Lula como favorito, possa melindrar os senadores. A Casa assumiu o papel de contraponto à Câmara, que tem imposto derrotas ao governo, como visto nesta semana, na retirada da pauta da medida provisória para elevar impostos e permitir o fechamento das contas neste ano.
Além disso, Alcolumbre representa, dentro do União Brasil, o principal núcleo de resistência à decisão da cúpula do partido de abandonar o governo.
Nas duas indicações que fez ao Supremo neste terceiro mandato, Lula usou como principal critério a confiança. Escolheu o seu advogado na Lava Jato, Cristiano Zanin, em junho de 2023, e Flávio Dino, ex-ministro da Justiça e aliado político de longa data, em novembro do mesmo ano.
O presidente quer evitar o que consideraria um erro de seus dois primeiros mandatos, quando seus indicados assumiram posições que prejudicaram o PT e ele próprio no Supremo. O caso mais exemplar é o de Joaquim Barbosa, escolhido por Lula em 2003 e que depois, como relator do processo do mensalão, votou pelas condenações que levaram para a cadeia os ex-presidentes do PT José Dirceu e José Genoino.
Em 2018, quando o STF negou um habeas corpus preventivo e abriu caminho para que Lula fosse preso, cinco ministros indicados por governos do PT votaram contra a principal liderança do partido.
A avaliação é que, caso seja escolhido, Jorge Messias jamais tomaria uma posição que surpreenderia o atual presidente. De acordo com aliados, Lula também gosta de Pacheco, mas o grau de confiança não é o mesmo.
Outro nome citado como candidato à vaga de Barroso, Bruno Dantas, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), é avaliado pelo presidente da mesma forma que o senador mineiro.
Diante do impasse, mesmo com o cenário delicado, não há expectativa de que Lula abra muitas consultas. Nas indicações de Zanin e Dino, o presidente se fechou. Deve seguir pelo mesmo caminho agora.

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