Adolescente morta por tornado no PR foi arrastada pelos ventos fortes: 'Não sei como vou superar essa dor', diz mãe
A adolescente Julia Kwapis, de 14 anos, é uma das seis vítimas fatais do tornado que passou pelo Paraná na última sexta-feira (7). O fenômeno, que foi classificado como EF3 ao superar a velocidade de 250 km/h, deixou um rastro de destruição, tendo atingido principalmente Rio Bonito do Iguaçu, cidade no Centro-Sul do estado onde a jovem morava. Julia estava na casa de uma amiga quando foi arrastada pelos fortes ventos, segundo a família.
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As rajadas destruíram 90% do município, que tem cerca de 14 mil habitantes. Ao menos 1 mil estão ficaram desalojadas, 14,6 mil pessoas foram afetadas diretamente e 784 ficaram feridas na região atingida pelo tornado, informou um boletim do governo do estado divulgado neste domingo.
A família relatou, em entrevista à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, que a adolescente ficou ferida, foi socorrida e levada para Hospital São José, em Laranjeiras do Sul. A cidade fica a aproximadamente 18 km de distância e foi uma das que deu suporte aos feridos. Não foi esclarecido como a jovem foi socorrida e nem quem fez o resgate.
Mari Kwapis, mãe de Julia, contou que ficaram sem notícias da jovem a partir da noite de sexta-feira. Apenas no sábado, por volta das 6h20, durante as buscas por informações, ela foi comunicada que a filha estava no hospital da cidade vizinha. À família foi relatado que Julia foi arrastada pelos ventos.
— A princípio, o que a gente soube é que ela foi jogada, ela foi arrastada. Ela chegou aqui em um grau muito difícil... um grau quatro de sobrevivência. Ela está muito machucada — disse Mari Kwapis em entrevista à RPC.
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— A princípio, o que a gente soube é que ela foi jogada, ela foi arrastada. Ela chegou aqui em um grau muito difícil... um grau quatro de sobrevivência. Ela está muito machucada — disse Mari Kwapis em entrevista à RPC.
Preparativos para comemoração
Na sexta-feira, a família se preparava para uma celebração. Julia iria receber a Crisma, sacramento da Igreja Católica, no dia seguinte, contou o pai da jovem, Roberto Kwapis. Entre os planos estava os preparativos para um churrasco. Roberto falou com a filha por mensagem à tarde, horas antes de ela ficar ferida.
— Infelizmente, a última mensagem que eu troquei com ela foi essa mensagem em torno de 16h45. Eu estava vindo do trabalho para casa — contou Roberto, à RPC.
No último áudio enviado ao pai, Julia falou sobre os planos para o dia seguinte: "A madrinha perguntou se a gente vai querer fazer churrasco amanhã ou algo do tipo".
Seis mortes por tornado
Além de Julia Kwapis, outras quatro pessoas morreram em Rio Bonito do Iguaçu, e uma em Guarapuava, município vizinho. As vítimas foram identificadas como:
Julia Kwapis, 14 anos (Rio Bonito do Iguaçu)
Adriane Maria de Moura, 47 anos (Rio Bonito do Iguaçu)
Jurandir Nogueira Ferreira, 49 anos (Rio Bonito do Iguaçu)
Claudino Paulino Risse, 57 anos (Rio Bonito do Iguaçu)
José Gieteski, 83 anos (Rio Bonito do Iguaçu)
Jose Neri Geremias, 53 anos (Guarapuava)
De acordo com registros disponíveis, este foi o tornado mais letal no estado em um intervalo de três décadas.
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'Sem precedentes'
O tornado que arrasou a cidade teve ventos acima de 250km/h, segundo disse o governador do estado. Até a noite de sexta-feira, o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) classificava o tornado como F2, quando os ventos ficam entre 180km/h e 250km/h.
O órgão, no entanto, já afirmava existirem indícios de que a velocidade teria ultrapassado essa velocidade em algumas localidades. Quando os ventos passam de 253km/h, eleva-se a categoria do tornado para F3, de risco "severo".
A ventania provocada pelo tornado causou tombamentos de veículos, quedas de árvores inteiras e de casas de alvenaria. Dados colhidos pelos meteorologistas e imagens de radar meteorológico basearam a classificação do tornado.
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