'Trends' perigosas nas redes sociais colocam crianças e adolescentes em riscos; entenda
As redes sociais podem abrir um mundo de possibilidades. Conhecer lugares novos, aprender receitas culinárias, truques de maquiagem e para ajudar nas tarefas da rotina. Mas por trás das telas também se escondem perigos, principalmente quando o usuário das redes são crianças e jovens que, por curiosidade e em busca de novidades, acabam que participarem de desafios que colocam suas vidas em risco.
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Desde 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os chamados "jogos perigosos" como um distúrbio comportamental na Classificação Internacional de Doenças (CID). Segundo a entidade, esses desafios são caracterizados por "um padrão de jogatina online ou offline que aumenta sensivelmente o risco de consequências prejudiciais à saúde mental ou física".
De 2014 a 2025, ao menos 56 crianças e adolescentes, com idades entre 7 e 18 anos, morreram no Brasil em decorrência de desafios compartilhados nas redes sociais. Os dados são do Instituto DimiCuida e se baseiam em casos noticiados na imprensa ou famílias que procuram organizações da sociedade civil dedicadas à temática. O dado foi divulgado em abril deste ano.
Em um caso ocorrido neste ano, a adolescente Tiegan Jarman, de 13 anos, foi encontrada inconsciente em seu quarto, na cidade de Thurmaston, em Leicestershire, na Inglaterra, no dia 6 de março. Segundo a família, a morte teria relação com uma prática conhecida como “chroming”, que envolve inalar vapores tóxicos de produtos domésticos, como desodorantes, em busca de um efeito momentâneo. O padrasto, Rob Hopkin, disse que não há como rastrear se Tiegan já havia feito isso antes, mas confirmou que ela utilizou ao menos uma lata de desodorante no dia do incidente. O pai da jovem fez um apena na tentativa de conscientizar crianças e adolescentes.
Um caso semelhante aconteceu no Brasil, em Pernambuco, também em março deste ano. Uma menina de 11 anos inalou desodorante aerossol, chegou a ser socorrida, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória no trajeto até o hospital e não resistiu. O que poderia parecer uma brincadeira foi motivada como parte de um desafio compartilhado nas redes sociais. De acordo com os relatos da família, que vive em Bom Jardim, no Agreste de Pernambuco, ela já havia sido advertida sobre os riscos, mas ainda assim manteve o hábito.
Em maio, um jovem de 19 anos morreu depois de participar de um jogo que virou um desafio nas redes sociais. Ryan Satterthwaite brincava com amigos na cidade de Palmerston North, Nova Zelândia, quando, ao ser derrubado, sofreu um grave ferimento na cabeça. Ele foi socorrido a um hospital, mas não resistiu.
Ele participava com os amigos do jogo Run It Straight (corra em linha reta, na tradução livre), que consiste em duas pessoas correrem em direção do outro e se chocarem no meio do caminho, como poderia acontecer numa jogada durante uma partida de rúgbi ou futebol americano. A diferença, e o principal perigo, é que a adesão ao que parece uma brincadeira é feita sem os equipamentos de proteção e o preparo físico necessário que os atletas dispõem.
Um desafio de comer chips picantes foi uma das "trends" que se tornaram perigosas, e apontada como responsável por matar Harris Wolobah, de 14 anos, em Massachusetts, nos Estados Unidos, em setembro de 2023. O "One Chip Challenge" (Desafio de um chip, traduzido do inglês) consiste em comer uma tortilla feita com algumas das pimentas mais fortes do mundo. De acordo com um relatório de autópsia liberado no ano passado, que fez parte da investigação para entender o que aconteceu, a causa foi uma parada cardíaca.
Criado pela marca americana Paqui, o produto tinha anualmente uma atualização das pimentas utilizadas em sua fórmula e tinha um caixão como embalagem. Desde 2016, quando o desafio foi iniciado, atraiu principalmente adolescentes.
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