Suspeitos de integrar rede do PCC continuam presos após Operação Blindagem
Todos os investigados conduzidos na Operação Blindagem continuam presos preventivamente após as audiências de custódia realizadas neste sábado (8), em Campo Grande. A decisão atinge dez pessoas detidas durante a ação do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que revelou uma rede criminosa ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e comandada de dentro do sistema prisional de Mato Grosso do Sul. Entre os presos estão Tiago Paixão Almeida, conhecido como Boy e apontado como chefe do tráfico na região do Jardim Tijuca, Selma Roas e Alexssandro Pereira, assistidos pelo advogado Marcos Ivan Silva, além dos policiais penais aposentados Alírio Francisco do Carmo e Aud de Oliveira Chaves, de Lucas Wesley de Souza Santos, o Pastorzinho, e da advogada Brenda Yasmin Martins de Freitas. O advogado Marcos Ivan, que representa Tiago, Selma e Alexssandro, criticou a forma como as prisões ocorreram e afirmou que os acusados sequer tiveram acesso ao conteúdo das investigações. “Essas operações são sempre realizadas na sexta-feira, quando, no sábado e domingo, ninguém tem acesso aos autos. Aí vem a audiência de custódia e ela é feita sem sequer saber por que essas pessoas estão presas”, disse. Segundo ele, o procedimento é inconstitucional e impede o direito de defesa. “Nenhuma dessas pessoas presas nessa operação tem conhecimento de por que está presa. É totalmente inconstitucional. A defesa entende que se trata de uma falta de respeito, um cerceamento da defesa, totalmente fora de um contexto de legalidade. Isso é preocupante, porque qualquer cidadão pode se ver em uma situação como essa e sofrer uma represália sem saber o motivo.” O advogado também destacou o estado de saúde de Tiago Paixão, que, segundo ele, tem problemas pulmonares e cardíacos, faz fisioterapia e perdeu a visão de um dos olhos após uma cirurgia. “Ele nega qualquer envolvimento. Não tinha telefone, não falou com ninguém. Está em tratamento e precisa de acompanhamento médico constante”, afirmou. A operação — deflagrada na sexta-feira (7), cumpriu 76 mandados judiciais, sendo 35 de prisão preventiva e 41 de busca e apreensão, em nove cidades de Mato Grosso do Sul e em outros dois estados. Foram apreendidas armas, munições, cheques de R$ 200 mil e grandes quantias em dinheiro. As investigações indicam que a organização atuava no tráfico interestadual de drogas, comércio ilegal de armas, usura e lavagem de capitais, mantendo uma estrutura de blindagem dentro dos presídios. O grupo contava com o apoio de servidores públicos corrompidos que garantiam aos líderes do esquema acesso a celulares, informações sigilosas e permanência em unidades de menor rigor. De acordo com o Gaeco, a quadrilha também mantinha vínculos com o Primeiro Comando da Capital, recebendo suporte para ampliar o tráfico e autorização para aplicar punições violentas a devedores. As apurações duraram mais de dois anos e apontam que a rede atuava em Campo Grande, Aquidauana, Jardim, Sidrolândia, Bonito, Ponta Porã, Corumbá, Itanhaém e Balneário Piçarras. Para a defesa, o caso expõe falhas graves no cumprimento das garantias constitucionais. “Todo cidadão tem o direito de saber o motivo da sua prisão e de se defender; isso precisa ser respeitado acima de qualquer operação”, completou Marcos Ivan. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
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