
Seu cão come fezes de gato, cuidado: ato pode causar até pneumonia
Você já viu seu cachorro perto da areia dos gatos ou cheirando o cocô deles por aí? Bela, Vakinha e Paçoca dividem o quintal de Claudio Luiz Schmitt Junior, de 43 anos. As vira-latas foram adotadas e são parte da família, verdadeiras companheiras dele. Tudo parecia dentro da normalidade até que Paçoca, a menor das três, começou a tossir de forma estranha. O motivo? Possível intoxicação por comer cocô de gato. “Ela começou a passar mal e, como não tinha nada fora da rotina, levei no veterinário. Fiz exames, gastei com remédios e, mesmo assim, nada explicava”, relembra Adriano. Foi então que o médico levantou uma hipótese que muitos não sabem: perguntou se ele tinha gatos próximos. A resposta era sim. Apesar de os cães não saírem de casa, os gatos dos vizinhos circulam livremente pelos muros e pela horta que Adriano mantém no quintal. Muitos não sabem, mas a médica veterinária Gabriella Rodrigues explica que as fezes de gato podem conter parasitas, como Toxoplasma gondii, bactérias como Salmonella e outros microrganismos que causam infecção e intoxicação. “O veterinário me falou que as fezes de gato podem transmitir vermes e outros agentes que causam doenças em cachorro. Disse que, para o cão, aquilo é como uma iguaria, mas pode trazer infecção grave. No caso da Paçoca, virou uma espécie de pneumonia”, conta. No começo, ele ficou se perguntando se havia falhas em algum ponto da limpeza do ambiente onde elas ficavam. Adriano comenta que, mesmo com o quintal limpo diariamente, água sanitária, fezes recolhidas e o espaço todo cimentado, era impossível controlar o vai e vem dos felinos. “Eu trabalho o dia inteiro, minha esposa também. As cachorras ficam no quintal e, por mais que a gente tente espantar, os gatos aparecem. Eu sempre compro os vermífugos delas, mas não consigo acabar com os vermes. O cachorro continua arrastando a bunda no chão, às vezes no cocô sai verme. O veterinário falou que, infelizmente, enquanto ela tiver contato com o gato, estiver comendo fezes dele, essa coisa vai continuar.” A solução foi reforçar os cuidados. Adriano passou a vermifugar as três com mais frequência, a cada 40 ou 45 dias, e redobrou a atenção com as hortas suspensas, onde os gatos costumam deixar suas marcas. “Mesmo comprando vermífugo bom, eu via que não resolvia totalmente. Agora entendo o motivo.” A irmã de Adriano, que mora no mesmo quintal, também viu o problema de perto. Ela adotou dois gatos recentemente e percebeu o interesse inusitado dos cães pelo lixo onde jogava as fezes dos felinos. “Começaram a mexer no lixo justamente para procurar o cocô dos gatos. Aí a gente percebeu que eles estavam comendo e ficou ‘nossa, que nojo, nada a ver’. E a menorzinha das cachorras começou a ficar muito doente, ela começou a ter uma tosse e a ficar debilitada.” Hoje, a família tenta manter cada espécie em seu espaço — tarefa quase impossível em bairros onde os gatos têm liberdade para explorar. “A gente conversa com os vizinhos, mas ninguém vai prender gato, né? Então o que resta é prevenir: vacina, vermífugo e paciência. Porque, sinceramente, nunca imaginei que um cocô de gato pudesse dar tanto trabalho”, diz Adriano. Como evitar isso? Segundo Gabriella, médica-veterinária da Clínica Bourgelat, os cães podem comer as fezes de gatos por curiosidade, por querer investigar, pela falta de nutrientes ou por ansiedade e estresse. Esses fatores podem levar ao desenvolvimento de comportamentos anormais, como a coprofagia, nome dado ao ato de ingerir fezes. “Para lidar com o comportamento, é importante limpar a caixa de areia regularmente, o que reduz a atração do cão pelas fezes de gato. Também é essencial manter o animal ocupado, oferecendo brinquedos e atividades que o estimulem. Além disso, uma dieta equilibrada garante que o cão receba todos os nutrientes necessários. Por fim, o ideal é treinar o cão, usando comandos como ‘deixe’ ou ‘não’ para ensinar que não deve comer as fezes”, explica a veterinária. O Lado B perguntou aos leitores neste domingo sobre o tema e 46% respondeu que os cachorros delas comem fezes de gatos. Gatos fujões Gabriella acrescenta que, se os gatos dos vizinhos estão entrando em casa, há medidas simples que podem evitar o problema. O telamento de janelas e portas é a principal delas, pois impede a entrada dos animais sem causar danos. Também é importante vedar buracos e frestas por onde possam passar. Outra ação recomendada é conversar com os vizinhos, explicando a situação e pedindo colaboração para manter os gatos dentro de casa. Além disso, repelentes naturais ou artificiais podem ser usados para afastar os felinos de áreas específicas. A coprofagia pode ser um comportamento desagradável, mas entender suas causas é fundamental para corrigi-lo. Com paciência, consistência e treinamento adequado, é possível ajudar os cães a superar o hábito e adotar comportamentos mais saudáveis. Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para suge
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