Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

Prisões, ameaças e subornos: Entenda como Maduro se tornou 'à prova de golpes militares'

21/10/2025 03:01 O Globo - Rio/Política RJ

Para os opositores do regime, os militares venezuelanos soavam por anos como uma esperança para conduzir o processo de derrubada do presidente Nicolás Maduro. No entanto, mesmo com o ameaçador reforço militar dos EUA atualmente na região do Caribe perto da EUA, Maduro tem mantido a imagem de um líder praticamente à prova de golpes. Ao longo de 12 anos no poder, o esquerdista desenvolveu uma série de estratégias para lidar com aqueles que ameaçam sua liderança, desde prisões políticas e espiões infiltrados a subornos e ameaças de tortura e morte.
Ataques no Caribe: EUA vão repatriar sobreviventes de ataque a suposto navio de drogas
Máquina de propaganda: Maduro tenta mascarar vulnerabilidades militares da Venezuela com mobilização anti-EUA
Com o auxílio de oficiais de inteligência cubanos, além de espiões venezuelanos, o regime de Maduro conseguiu identificar focos de rebelião e conspirações nas Forças Armadas, e oficiais militares acusados de conspirar contra ele foram presos e enviados para o exílio. Aqueles que fornecem informações sobre os inimigos do presidente são recompensados com empregos, dinheiro, carros e até casas.
Além disso, os altos escalões das Forças Armadas garantem que todos os militares estejam cientes de que tortura, prisão e até mesmo a morte os aguarda caso se rebelem. E que seus familiares também são potenciais vítimas da repressão. Dos 845 presos políticos que, segundo o grupo de direitos humanos Fórum Penal, estavam detidos na segunda-feira, 173 são ex-militares.
— Hoje, há um terror incalculável no Exército. Esse medo está tão profundamente enraizado neles que os oficiais das Forças Armadas não ousam nem pensar em se rebelar — conta Carlos Guillén, um ex-soldado venezuelano preso por conspirar contra o regime e que agora vive no exílio, em entrevista ao Wall Street Journal.
Segundo ele, Maduro fez "tudo o que era possível e capaz" para neutralizar qualquer tipo de represália dentro das Forças Armadas da Venezuela.
Initial plugin text
Na última quarta-feira, o presidente americano, Donald Trump, confirmou que havia autorizado a Agência Central de Inteligência a conduzir operações secretas na Venezuela. Sua declaração levantou implicitamente a questão de um golpe apoiado pelos EUA. Questionado por um repórter na Casa Branca se planejava derrubar Maduro, Trump se recusou a responder e classificou a pergunta como "ridícula". Em resposta, horas depois, o presidente venezuelano condenou o que chamou de "golpes de Estado orquestrados pela CIA" e reforçou seu pedido por paz na região.
Agentes de inteligência dos EUA na América Latina têm um histórico de envolvimento em golpes de Estado, incluindo na Guatemala em 1954 e na derrubada de Salvador Allende, no Chile, em 1973. Quando o antecessor de Maduro, Hugo Chávez, foi derrubado por 48 horas em 2002, os EUA expressaram brevemente sua aprovação pública, embora negassem envolvimento.
Em 2019, o governo Trump trabalhou para estimular uma revolta entre os oficiais militares venezuelanos para destituir Maduro, que sucedeu a Chávez em 2013. Embora centenas de soldados da Guarda Nacional e policiais tenham desertado, a tentativa fracassou porque os oficiais de alto escalão do exército que comandavam unidades essenciais não acompanharam o movimento.
Durante seu mandato, Maduro roubou duas eleições presidenciais, afirmam observadores eleitorais e grupos de direitos humanos, ao mesmo tempo em que prendeu críticos e supervisionou um colapso econômico que levou oito milhões de venezuelanos a deixarem o país. Ainda assim, de certa forma, Maduro parece estar mais seguro do que nunca, com a maioria dos líderes da oposição no exílio e os venezuelanos com medo de protestar como faziam antes.
Initial plugin text
O que mina a esperança numa revolta dos militares é que Maduro se cercou de uma fortaleza de subordinados cujas fortunas e futuros estão ligados ao seu, desde o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, até generais, almirantes, coronéis e capitães de todas as forças armadas.
Ex-oficiais militares e pesquisadores que estudaram as Forças Armadas venezuelanas afirmam que o presidente promoveu oficiais em ritmo acelerado, baseando-se principalmente na lealdade ao invés da competência, e suas ações permitiram que eles enriquecessem. Segundo reportagem do Wall Street Journal, esses oficiais recebem pagamentos de traficantes de drogas para permitir o trânsito de cargas de cocaína pela Venezuela e administram inúmeras empresas estatais. Isso os tornou cúmplices da corrupção generalizada do regime.
Ministro de Maduro posa com facão em mãos e 'convoca' população
Reprodução
Durante o primeiro mandato de Trump, a equipe do presidente americano e a oposição venezuelana tentaram projetar uma revolta militar na Venezuela quando os EUA reconheceram o legislador da oposição Juan Guaidó, e não Maduro, como presidente.
Agentes venezuelanos que trabalham com os EUA trabalharam para que militares venezuelanos se voltassem contra Maduro, mas a pressão internacional nã

Fonte original: abrir