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PAC para MS cai pela metade e só garante R$ 3,3 bi para transição energética

08/10/2025 21:47 Campo Grande News - Política

Após anunciar, há dois anos, investimentos de R$ 15,7 bilhões no eixo de transição e segurança energética em Mato Grosso do Sul, o governo federal revisou os critérios de classificação dos recursos e reduziu a previsão para R$ 3,3 bilhões até 2026. O montante será destinado à substituição de fontes poluentes, como petróleo, carvão e gás, por matrizes limpas e renováveis, entre elas solar, eólica, biomassa e hidrogênio verde. As informações são da Casa Civil e foram obtidas pelo Campo Grande News . Com a reclassificação feita pelo Palácio do Planalto, o valor total previsto para o Novo PAC no Estado caiu de R$ 44,7 bilhões para pouco mais da metade do volume anunciado em 2023. “O Novo PAC vai investir R$ 24,2 bilhões para acelerar o crescimento em Mato Grosso do Sul e viabilizar mais de 430 empreendimentos em educação, saúde, segurança, cultura, sustentabilidade e infraestrutura”, apontam dados da Casa Civil. Sem dar mais detalhes, técnicos do órgão explicam que a revisão resulta de uma “classificação de benefícios diretos para o Estado”. Ou seja, agora são contabilizados apenas os recursos aplicados diretamente em Mato Grosso do Sul. No cálculo anterior, os valores incluíam a “base nacional” de investimentos, o que sinalizam recursos indiretos. A reclassificação atingiu principalmente o eixo de transição e segurança energética. De acordo com a Casa Civil, já foram executados R$ 1,75 bilhão, 53% do total de R$ 3,3 bilhões previsto até 2026. O pacote contempla 13 projetos de impacto local e regional, voltados à geração de energia renovável, transmissão, eficiência energética em iluminação pública e ações no setor de petróleo e gás. Seis empreendimentos foram concluídos até agora. Mesmo com o corte dos recursos, o governo federal afirma que o Novo PAC “segue firme” na execução de projetos estratégicos. “A Casa Civil mantém monitoramento constante dos empreendimentos em todas as regiões do país, garantindo execução dentro do prazo e geração de desenvolvimento, emprego, renda e inclusão social”, destacou em nota. Entre os projetos entregues está a usina termelétrica renovável integrada à planta de papel e celulose da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, inaugurada em fevereiro. Com capacidade instalada de 384 megawatts (MW), tornou-se a segunda maior geradora de energia a partir de biomassa no Brasil. O licor negro, subproduto da indústria de papel e celulose, é o principal combustível da termelétrica. Parte da energia abastece a própria fábrica, garantindo autossuficiência; o excedente de 180 MW, suficiente para atender 2 milhões de pessoas, é enviado ao SIN (Sistema Interligado Nacional). Outro projeto concluído é a PCH (Pequena Central Hidrelétrica), em Paraíso das Águas, a 277 quilômetros de Campo Grande. Com potência de 22 MW e garantia física de 15,66 MW médios, recebeu R$ 258,3 milhões em investimentos, sendo R$ 129,1 milhões do FDCO (Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste). Outra termelétrica renovável foi entregue em Maracaju. Os demais projetos seguem em execução, segundo a Casa Civil, “com expectativa de conclusão dentro do prazo”. Entre eles estão a modernização da iluminação pública de Corumbá, novas usinas termelétricas e uma planta de etanol de segunda geração. Caarapó, Sidrolândia e Três Lagoas também serão beneficiadas, reforçando o compromisso do Novo PAC com a transição energética e o desenvolvimento sustentável. Meta de carbono neutro até 2030 -  Para o pesquisador Márcio Pereira, presidente da Fundect (Fundação de Amparo à Pesquisa de Mato Grosso do Sul), os recursos do Novo PAC podem acelerar a meta estadual de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa até 2030, duas décadas antes do prazo global definido pelo Acordo de Paris. O objetivo é aumentar a competitividade e preservar as riquezas ambientais, com destaque para o Pantanal, pressionado pelo agronegócio e obras como a Rota Bioceânica. Também presidente do Confap (Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa), Pereira destacou o avanço da ciência como parceira do Estado. Nos últimos anos, a Fundect investiu R$ 22 milhões em estudos ligados à transição energética — R$ 6 milhões sobre carbono neutro, R$ 10 milhões em desenvolvimento sustentável e R$ 6 milhões em mudanças climáticas. “Mato Grosso do Sul está no caminho certo ao traçar metas ambiciosas de carbono zero”, afirmou Pereira ao Campo Grande News , direto de Kyoto, no Japão, onde participa do STS Fórum (Fórum de Ciência, Tecnologia e Sociedade). Durante o evento, ele busca atrair investimentos para o Brasil, especialmente para o Estado, em áreas estratégicas voltadas à descarbonização. Referência nacional -  O avanço da transição energética vem colocando Mato Grosso do Sul em posição de destaque nacional. Segundo relatório do Observatório de Inovação e Conhecimento em Bioeconomia, divulgado em abril, o Estado foi o que mais reduziu emissões de gases de efeito estufa em 2024, queda de 6,6%, impulsionada pelo consumo de etanol de cana e milho

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