Operação contra o 'RH do PCC' mobilizou 20 drones operando simultaneamente em São Paulo
A Polícia Civil de São Paulo utilizou uma frota de 20 drones operando simultaneamente em uma grande ofensiva realizada na manhã da última terça-feira, 21 de outubro, em operação para desmantelar a estrutura de comando do Primeiro Comando da Capital (PCC). A ação concentrou-se em indivíduos que, segundo as investigações, atuavam como uma espécie de "Recursos Humanos" da facção, responsáveis por gerenciar mais de 80 pontos de venda de entorpecentes e conduzir o chamado “batismo” de novos membros.
‘RH’ do PCC: facção tem núcleo que concentra orientações, queixas e dados de filiados, revelam mensagens
Postos, pelúcias, motéis e fintechs: onde a polícia já identificou lavagem de dinheiro do PCC
A operação, fruto de mais de um ano de investigação focada no tráfico na zona leste da capital paulista, tinha no total 38 mandados de prisão preventiva, mas apenas 14 foram cumpridos. Outros três foram presos em flagrante, totalizando 17. Os alvos eram os "auditores" do PCC, encarregados de fiscalizar atividades criminosas, impor a ordem interna e punir dissidentes, conforme revelado por mensagens interceptadas.
Segundo o Governo de São Paulo, o diferencial estratégico dessa operação foi o maciço uso de aeronaves não tripuladas. O equipamento forneceu imagens e vídeos transmitidos em tempo real para os gabinetes de comando. Essa visão permitiu que os gestores de segurança tomassem decisões imediatas sobre o reposicionamento de tropas e a definição de prioridades.
Ainda de acordo com as investigações, em apenas um do pontos de tráfico administrados pelos suspeitos foi registrado um lucro de mais de R$ 700 mil em uma semana. A estrutura da quadrilha foi descoberta por agentes da 8ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco).
Drones são empregados em quatro tipos de operação: grandes eventos, manifestações públicas, ocorrências policiais de maior gravidade e ações humanitárias
Governo de São Paulo
O delegado Guilherme Leonel, responsável pela operação, afirmou que entre os detidos há dez pessoas que ocupavam o cargo de “auditor” e sete que atuavam como “funcionários” dos pontos de venda. Um deles, por exemplo, exercia a função de “disciplina” da facção, pessoa responsável por mediar conflitos e garantir que as ordens da liderança fossem cumpridas.
— Os pontos de tráfico em São Paulo se dividem entre os particulares e os da facção. Os particulares não pertencem ao PCC; já os da facção são controlados por ele. Esses auditores são faccionados e ocupam o posto mais alto dentro de cada ponto. Abaixo deles estão os responsáveis pela venda direta e pelo abastecimento. Funciona como uma empresa — explicou Leonel.
Segundo o delegado, há diversos grupos de WhatsApp usados pelos criminosos para organizar a logística das “lojas”, reabastecer drogas e alimentar planilhas com valores de entrada semanal, prejuízos com ações policiais e outros dados contábeis.
‘RH’ do PCC: facção tem núcleo que concentra orientações
Mensagens apreendidas em um inquérito sobre o PCC revelam a existência de um setor interno que, na avaliação de investigadores, funciona como uma espécie de “Recursos Humanos (RH)” da maior facção do país. O grupo passa orientações sobre posicionamentos eleitorais, define regras para o mercado de drogas, planeja expansão territorial a outros estados, como o Rio, e financia o custo das “filiais”.
A rotina da “Sintonia Final do Resumo”, nome pelo qual é conhecido internamente o “setor de RH” da facção, foi desvendada a partir do conteúdo extraído dos celulares do traficante Michael Silva, o Neymar do PCC. De acordo com a apuração, o departamento atua na “manutenção da ordem, hierarquia e controle” dentro da quadrilha. Um dos métodos é um “tribunal” sobre a conduta dos filiados, além de ameaças a quem “de alguma forma entra em conflito com os interesses do PCC”, como comerciantes, políticos e moradores das áreas dominadas pelo bando.
Imagens mostram trocas de mensagens
Reprodução
Segundo a Polícia Civil paulista, Silva era um dos responsáveis por enviar recados da cúpula da facção aos demais integrantes. Em julho de 2024, o traficante fez advertências sobre o que a facção considerava irregularidades no mercado de drogas, como a venda via delivery em locais onde já há bocas de fumo. “Viemos através desta conscientizar todos que estão vendendo drogas em pedaços e no delivery irregularmente nas comunidades onde já existe biqueiras. Estão chegando várias ideias na ‘sintonia’ com descontentamento de seus respectivos donos por tais práticas irregulares”, alertava a mensagem.
A investigação também aponta que o “RH do PCC” cuidava do cadastro dos membros, o que incluía o “protocolo de retorno”, quando um criminoso era perdoado e voltava a integrar a facção. Além de tratar de questões internas, a “Sintonia” também atuava na expansão do PCC a outros estados, como o Rio. Em outra mensagem, um comparsa identificado como Orelha informa a Neymar do PCC que estava escondido no Complexo da Maré, na Zona Norte da ca
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