OMS alerta para catástrofe de saúde em Gaza e diz que crise pode durar gerações
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que a Faixa de Gaza enfrenta uma “catástrofe de saúde” cujos efeitos podem se estender por gerações. Em entrevista à BBC nesta quarta-feira, ele afirmou que, mesmo com o cessar-fogo entre Israel e o Hamas em vigor desde 10 de outubro, o volume de ajuda humanitária e suprimentos médicos que entra no território está “muito abaixo do necessário” para reconstruir o sistema de saúde local.
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Segundo o chefe da OMS, a população de Gaza lida com uma combinação “fatal” de fome, ferimentos em massa, colapso hospitalar e surtos de doenças provocados pela destruição da infraestrutura de água e saneamento.
— Se você combina a fome com o grave problema de saúde mental que observamos, o resultado será uma crise para as próximas gerações — afirmou.
Israel tem permitido a entrada de caminhões com mantimentos por duas travessias, Kerem Shalom e Kissufim, mas organizações humanitárias dizem que o fluxo ainda é insuficiente. A OMS estima que 600 veículos de ajuda deveriam chegar diariamente, enquanto a média atual varia entre 200 e 300. O Programa Mundial de Alimentos relatou que mais de 6.700 toneladas de comida entraram em Gaza desde o cessar-fogo, número muito inferior à meta de 2.000 toneladas por dia.
Tedros pediu que Israel “desvincule a ajuda do conflito” e não imponha condições para a entrega, como a devolução dos restos mortais de reféns israelenses. Ele criticou também a retenção de materiais médicos na fronteira sob o argumento de que poderiam ter “duplo uso” militar.
— Se você remove os pilares necessários para erguer uma tenda de hospital, não há como atender os feridos — disse.
A OMS calcula que cerca de 700 pessoas morreram à espera de evacuação médica nas últimas semanas. Desde o início da ofensiva israelense, em outubro de 2023, mais de 68 mil palestinos foram mortos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.
A ONU estima que a reconstrução total do território custará cerca de US$ 70 bilhões, sendo 10% destinados à recuperação do sistema de saúde.
— A paz é o melhor remédio — afirmou Tedros, destacando que o cessar-fogo continua frágil e que “algumas pessoas morreram celebrando o fim da guerra”.
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