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O Brasil na COP: uma potência ecológica que exige justiça climática

07/11/2025 09:34 A Tarde - Política

Como observador atento das dinâmicas globais do meio ambiente e da justiça social, defendo que a mensagem central que o Brasil deve transmitir na Conferência das Partes (COP) é a de que somos uma verdadeira potência ecológica. Não se trata de retórica vazia, mas de uma realidade ancorada em nossos diferenciais únicos na proteção ambiental, que nos posicionam como guardiões indispensáveis do planeta. No entanto, essa liderança vem acompanhada de uma dura realidade interna: somos um país onde milhões ainda sofrem com fome, falta de saneamento básico, ausência de água potável, moradias em áreas de risco, desemprego, informalidade e dependência de assistências sociais. É imperativo que o mundo desenvolvido reconheça nossa contribuição e compense nossa nação, transformando-nos de vítimas da desigualdade climática em credores legítimos.Vamos começar pelos nossos diferenciais ambientais, que nos destacam no cenário global. O Brasil abriga a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, que representa mais de 60% da cobertura florestal remanescente na América do Sul e é responsável por uma biodiversidade incomparável – abrigando cerca de 10% das espécies conhecidas no planeta, segundo dados da ONU. Essa riqueza não é mero acidente geográfico; é resultado de políticas como as Reservas Legais, que obrigam propriedades rurais a preservar uma proporção fixa de vegetação nativa, variando de 20% a 80% dependendo da região, conforme a legislação ambiental brasileira.

































































Georges Humbert




|  Foto: Arquivo Pessoal










Além disso, nossa matriz energética é um modelo de sustentabilidade: quase metade da oferta total de energia (cerca de 48%) e mais de 80% da eletricidade vêm de fontes renováveis, como hidrelétricas, eólica e solar, superando em muito a média global de 29% para renováveis na energia total, de acordo com o Banco Mundial. Somos líderes em biocombustíveis, com o etanol de cana-de-açúcar reduzindo emissões em até 90% em comparação com combustíveis fósseis. Ademais, o Plano de Transição Ecológica do Brasil, lançado em 2023, posiciona-nos como pioneiros na integração de minerais estratégicos para a transição energética global, aliada à conservação de florestas e biodiversidade.Esses avanços, porém, contrastam com os desafios sociais que ainda assolam nossa população. Apesar dos progressos recentes, 54,7 milhões de brasileiros enfrentam insegurança alimentar, segundo o relatório da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional de 2025, embora 24 milhões tenham sido retirados da fome severa nos últimos anos graças a políticas como o Bolsa Família. No saneamento básico, cerca de 35 milhões de pessoas – ou 16% da população – não têm acesso a serviços adequados, conforme dados do Instituto Trata Brasil e do SDG Report 2025 das Nações Unidas. A falta de água potável afeta diretamente 22 milhões de brasileiros, com apenas 84% da população usando serviços básicos de água potável, de acordo com o Human Capital Data Portal do Banco Mundial. Moradias em áreas de risco, como favelas e encostas instáveis, abrigam mais de 11 milhões de pessoas, expostas a desastres ambientais agravados pelas mudanças climáticas.

































































Georges Humbert




|  Foto: Arquivo Pessoal










No mercado de trabalho, o desemprego atinge 7,66 milhões de indivíduos em 2025, com uma taxa de emprego de apenas 62,74%, segundo projeções da Statista. A informalidade afeta cerca de 40% da força de trabalho, enquanto milhões desistiram de procurar emprego – os chamados “desalentados” somam 4,5 milhões, conforme o IBGE. Muitos sobrevivem graças a assistências sociais, com mais de 45 milhões de beneficiários em programas como o Auxílio Brasil, destacando uma dependência que reflete desigualdades profundas.Nesse contexto, é essencial quantificar nossa contribuição climática. As florestas brasileiras, especialmente a Amazônia, sequestram anualmente cerca de 1 bilhão de toneladas de CO2, atuando como um pulmão vital para o mundo, de acordo com análises da World Resources Institute e estudos sobre o sumidouro de carbono na região. Em termos de emissões, o Brasil emite aproximadamente 466 milhões de toneladas de CO2 por ano, ocupando a 8ª posição no G20 – atrás de gigantes como China (mais de 10 bilhões de toneladas), EUA (5 bilhões) e Índia (2,4 bilhões), mas com emissões per capita de apenas 2,28 toneladas por habitante, bem abaixo da média do G20 de 4,7 toneladas, segundo dados da Worldometer e

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