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Narco Bet: investigação aponta elo entre empresário e veleiro apreendido pelos EUA com 4t de cocaína

14/10/2025 16:10 O Globo - Rio/Política RJ

Apontado como possível operador logístico-financeiro de um esquema transnacional de lavagem de capitais, o empresário Rodrigo de Paula Morgado foi preso nesta terça-feira na Operação Narco Bet. A ação deflagrada pela Polícia Federal é um desdobramento da Operação Narco Vela, em que agentes saíram às ruas em abril para reprimir o tráfico marítimo de drogas a partir do litoral brasileiro.
Na decisão em que autorizou a expedição de mandado de prisão preventiva contra Morgado, o juiz federal Roberto Lemos dos Santos Filho apontou haver provas "ao menos em tese" do envolvimento do investigado em atos ilícitos antecedentes à lavagem de dinheiro, relacionados com o tráfico internacional de drogas. O magistrado destacou que os indícios apontam para a "união de esforços" para lavagem de dinheiro fruto do tráfico.
Dos autos, ele ressaltou, se extrai a "direta relação" do empresário nos atos que viabilizaram a aquisição do veleiro Lobo VI. A embarcação foi apreendida pela Marinha dos Estados Unidos em 2023, entre o arquipélago de Cabo Verde e as Ilhas Canárias, "por estar sendo utilizado para o transporte de mais de quatro toneladas de cocaína". O fato deu origem à Operação Narco Vela.
Informações de polícia judiciária juntadas aos autos apontaram que Morgado abriu "diversas empresas" com sócios de várias unidades da federação — em sua maioria, jovens que moram em comunidades de difícil localização e sem adequada comprovação de endereço. As empresas foram formalizadas com sede e endereço da empresa de coworking em que Morgado é o único sócio. Investigadores citaram indícios de fraudes documentais concretizadas pela empresa de contabilidade do empresário e suspeitas de envolvimento dele com o tráfico, com a corrupção de policiais e servidores do Judiciário e a intimidação de subordinados.
Dados obtidos no celular de Morgado, apreendido durante a Operação Narco Vela, apontaram o elo dele com empresas ligadas à compra do veleiro Lobo IV.
"A análise dos dados armazenados 'em nuvem' do aparelho de telefoniacelular de RODRIGO DE PAULA MORGADO, apreendido no bojo da 'Operação NarcoVela' (Id 414487111), revelou que ele atuou como contador das empresas SaitoConstrutora Ltda. e Caetano da Silva Construtora EIRELI, ambas envolvidas na aquisição do veleiro Lobo IV, apreendido com mais de três toneladas de cocaína", diz trecho da investigação.
Ainda de acordo com os investigadores, a análise dos dados extraídos da nuvem revelou "vultuosas operações financeiras, a princípio, incompatíveis com a capacidade financeira do investigado e de suas empresas". Permitiu também identificar o elo de Morgado com casas de aposta on-line e a "sistemática utilização de interpostas pessoas" para abrir companhias e gerir valores. O esquema chefiado pelo empresário teria movimentado R$ 313 milhões, segundo as apurações.
"Conforme apurado no Laudo objeto do Id 414485895, entre os anos de 2019 e 2024, RODRIGO DE PAULA MORGADO apresentou movimentação financeira, a crédito e a débito, no montante de R$ 313.427.616,49, realizou transações com criptoativos que se aproximam da cifra de R$ 100.000.000,00. Em alguns exercícios financeiros teve movimentação bancária em valores muito superiores aos declarados", afirma trecho da acusação.
Operação Narco Bet
Nesta terça, agentes da PF saíram às ruas para cumprir 11 mandados de prisão e outros 19 de busca e apreensão em quatro estados do país: em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os influenciadores Bruno Alexssander Souza Silva, mais conhecido como Buzeira, e Tacio Costa, conhecido como T10, foram presos na ação, que visa a desarticular um esquema de lavagem de dinheiro vinculado ao tráfico internacional de drogas.
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A operação desta terça conta com a cooperação da Polícia Criminal Federal da Alemanha (Bundeskriminalamt – BKA). Um dos investigados alvos de mandado de prisão, cujos nomes não foram divulgados, está em território alemão.
Segundo a PF, as investigações indicam que o grupo criminoso utilizava movimentações financeiras em criptomoedas e remessas internacionais para ocultar a origem ilícita dos valores e dissimular o patrimônio. Parte do dinheiro também teria sido direcionado para empresas ligadas ao setor de apostas eletrônicas, as bets, ainda de acordo com os investigadores.
A Justiça deferiu o bloqueio de bens e valores estimados em mais de R$ 630 milhões. O objetivo, segundo a PF, é descapitalizar a organização criminosa e garantir a reparação de danos decorrentes das atividades ilícitas. Imagens divulgadas pela corporação exibem carros de luxo, pelo menos um relógio e dinheiro em espécie.
Os investigados poderão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa, com indícios de atuação transnacional.
Em abril deste ano, a PF deflagrou a Operação Narco Vela para desarticular

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