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Megaoperação no Rio: o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o rastro de violência nos Complexos da Penha e Alemão

31/10/2025 06:00 O Globo - Rio/Política RJ

A megaoperação policial que transformou os complexos do Alemão e da Penha em um dos episódios mais violentos da história recente do Rio de Janeiro, com mais de 120 mortos, ainda é cercada por questionamentos e pontos a serem esclarecidos. Enquanto as autoridades de segurança defendem a ação como o "maior baque" já sofrido pelo Comando Vermelho, familiares e entidades de direitos humanos clamam por transparência e responsabilização. O GLOBO reúne, com base nas declarações oficiais e nos relatos de moradores, o que já se sabe e o que ainda carece de esclarecimentos em cada ponto crucial do caso.
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Quem são os mortos
Corpos de pessoas mortas durante operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, em outubro de 2025
Fabiano Rocha
O que se sabe: até a noite de quinta-feira, a polícia confirmava 121 mortos na megaoperação que, segundo saldo oficial, são 4 policiais e 117 suspeitos, tornando-a a operação mais letal da história. Os corpos periciados no Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto começaram a ser liberados para as famílias na manhã desta quinta-feira.
O que falta esclarecer: A polícia ainda trabalha na confirmação da identidade de todos os 117 suspeitos, tendo solicitado acesso a bancos de dados de outros estados, já que alguns dos mortos seriam de fora do Rio. A vinculação dos mortos à cúpula da facção criminosa ou aos alvos diretos dos mandados de prisão não foi detalhada. O governador Cláudio Castro (PL) afirmou, antes da divulgação das identidades, que todos os mortos, exceto os policiais, seriam criminosos, pois o confronto se deu em área de mata.
Armas Apreendidas
Fuzis apreendidos tem valor estimado de mais de R$ 5 milhões
Marcos Nunes
O que se sabe: as forças de segurança apreenderam um volume recorde de armamentos em uma única ação: 118 armas de fogo, incluindo 91 fuzis, 26 pistolas e 1 revólver. O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, considerou a ação uma "grande perda de armas" para o Comando Vermelho.
O que falta esclarecer: não foi informado pelas autoridades se foram apreendidas armas com os corpos encontrados posteriormente na área de mata. As autoridades não detalharam quantas das 118 armas foram apreendidas durante os confrontos diretos e quantas estavam em áreas isoladas ou foram abandonadas após os tiroteios.
Quem são os presos
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Parte dos presos na megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão
Mauro PIMENTEL /AFP
O que se sabe: a operação resultou na prisão de 113 pessoas, entre as quais há o registro da apreensão de dez menores. O principal alvo capturado foi o traficante Thiago do Nascimento Mendes, conhecido como Belão. Ele é considerado o braço direito de Edgard Alves de Andrade, o Doca — um dos chefes máximos do CV na região. O traficante possuía seis mandados de prisão expedidos pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) por crimes como tráfico de drogas, comércio de armas e confrontos com quadrilhas rivais. Também foi detido Nikolas Fernandes Soares, apontado como operador financeiro de Doca. Ele era responsável por gerenciar a contabilidade do tráfico, o abastecimento de armas e drogas, a comunicação interna e o pagamento dos "soldados" da facção.
O que falta esclarecer: apesar da prisão de figuras importantes, ainda não há informações detalhadas sobre quantos dos demais presos — sendo dez menores apreendidos — possuíam posição de liderança ou função estratégica dentro da hierarquia do Comando Vermelho. Além disso, a polícia ainda não informou o nome dos presos e quantos já passaram por audiência de custódia. O principal alvo da operação, o traficante Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, chefe do tráfico no Alemão e na Penha, continua foragido. A polícia não informou o possível paradeiro dele após a ação nem se as prisões de Belão e Nikolas forneceram pistas concretas.
As imagens das câmeras corporais
Operação das polícias do Rio nos complexos do Alemão e da Penha
Fabiano Rocha / Agência O Globo/ 28/10/2025
O que se sabe: O Secretário da Polícia Militar do Rio, Marcelo de Menezes, afirmou que as câmeras corporais podem não ter registrado toda a megaoperação devido à duração da bateria, de cerca de 12 horas. A movimentação das tropas começou na madrugada (por volta das 3h), e o cenário de intenso confronto impediu a substituição das baterias, o que teria levado à interrupção das gravações em determinado momento. Menezes garantiu que todas as premissas da ADPF das Favelas foram cumpridas e que as imagens captadas serão disponibilizadas aos órgãos de controle.
O que falta esclarecer: ainda não está claro quantos policiais usavam câmeras corporais na operação. As autoridades não informaram quantas imagens foram gravadas e em que moment

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