Israel acusa Hamas de devolver parte de restos mortais de refém que já tinha sido recuperado e acusa violação de acordo
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta terça-feira que os restos mortais de um dos reféns devolvido pelo Hamas na segunda pertenciam a Ofir Tzarfati, refém que teve parte dos restos mortais recuperados em três oportunidades distintas — antes, em 2023 e em abril de 2024. As autoridades israelenses classificaram o caso como uma violação do acordo de cessar-fogo vigente entre as partes, e anunciaram uma reunião para tratar sobre uma possível resposta.
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"Após a conclusão do processo de identificação esta manhã, foi descoberto que os restos mortais pertencentes ao refém morto Ofir Tzarfati, que havia sido devolvido da Faixa de Gaza em uma operação militar há cerca de dois anos, foram devolvidos na noite passada", informou o gabinete do premier. "Isso constitui uma clara violação do acordo".
Uma reunião foi convocada por Netanyahu com os chefes dos serviços de segurança do país para às 14h (08h em Brasília), a fim de discutidas as medidas em resposta às violações.
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Tzarfati foi sequestrado durante o Festival Nova, de música eletrônica, durante o ataque terrorista de 7 de outubro. O Exército de Israel anunciou que seu corpo havia sido recuperado ainda em 2023, quando um exame post-mortem indicou que ele foi assassinado em 7 de outubro ou imediatamente após. Em março de 2024, mais restos mortais do refém foram recuperados.
Em um comunicado do Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, a família Tzarfati afirmou que esta é a terceira vez que a família é forçada a abrir o túmulo de Ofir e enterrar seus restos mortais.
"Fomos dormir ontem à noite com expectativa e esperança de que outra família feche um ciclo agonizante de dois anos e traga seu ente querido para casa para o enterro", disseram. "Esta manhã, nos mostraram um vídeo dos restos mortais do nosso amado filho sendo removidos, enterrados e entregues à Cruz Vermelha — uma manipulação abominável destinada a sabotar o acordo e abandonar os esforços para trazer todos os reféns para casa."
A organização civil tem pressionado o governo israelense a não prosseguir com as negociações previstas pelo acordo assinado no Egito, sobre o encerramento da guerra em Gaza, até que todos os restos mortais de todos os reféns sejam devolvidos. O grupo afirma que 13 dos sequestrados ainda não foram entregues — o que violaria o compromisso de devolução de todos os vivos e mortos em 72 horas, estabelecido pelos termos.
O chefe dos negociadores do Hamas, Khalil al Hayya, justificou recentemente que há uma dificuldade em localizar alguns dos corpos, já que os dois anos de guerra mudaram "o relevo de Gaza". Ele também afirma que pessoas que sabiam da localização dos cadáveres foram mortas.
Ainda assim, as autoridades israelenses continuam suspeitando sobre o comprometimento do Hamas em devolver os corpos o mais rapidamente possível. O jornal israelense Haaretz noticiou que durante a operação para recuperação dos novos restos mortais de Tzarfati, um drone das Forças Armadas de Israel teria filmado agentes do grupo palestino no leste da Cidade de Gaza, chegando à área com um saco branco contendo os restos mortais e colocando-os em uma cova cavada por um trator, cobrindo-a com terra. Posteriormente, o grupo teria alertando a Cruz Vermelha, alegando ter encontrado um corpo. (Com AFP)
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