 
        Família de soldado morto em guarita pede investigação ao MP Militar
A família de Dhiogo Melo Rodrigues, que morreu aos 19 anos dentro do CMO (Comando Militar do Oeste), em Campo Grande, protocolou nesta quinta-feira (30) um pedido de investigação no MPM (Ministério Público Militar), solicitando apuração e responsabilização do comando. Segundo os parentes, Dhiogo enfrentava "humilhações, agressões físicas e dificuldades psicológicas que não foram atendidas". Dhiogo havia ingressado no Exército há três meses e, desde o início, demonstrava insatisfação com o serviço. A família afirmou que ele sofria "ofensas de caráter vexatório", era chamado de "burro" e pressionado por superiores e colegas de pelotão. A mãe, Christiane Melo dos Santos da Silva, disse que pediu repetidas vezes que o filho fosse transferido para funções menos arriscadas, como logística ou tecnologia, e que tivesse acompanhamento psicológico, mas "não foi atendido". O corpo de Dhiogo foi inicialmente removido sem perícia, segundo a família, e, só depois de insistência, foi levado ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para necropsia. O Exército informou que o soldado foi encontrado ainda com vida e levado ao Hospital Militar de Área de Campo Grande, mas não resistiu. Um IPM (Inquérito Policial Militar) foi aberto para apurar as circunstâncias da morte, e a instituição afirmou que está prestando suporte psicológico e espiritual à família. O irmão de Dhiogo, Thiago Melo, disse que a família não busca vingança, mas quer "transparência e mudanças institucionais". Ele afirmou que o caso deve servir para evitar que outras famílias passem pelo mesmo sofrimento. "Hoje foi o pontapé inicial pela verdade e pela justiça. Mesmo sem preparo, foi colocado armado em uma guarita, onde tudo terminou da forma mais dolorosa possível", disse Thiago. O pedido ao MPM permitirá que a instituição requisite documentos, ouça testemunhas e acompanhe o IPM, segundo especialistas. Caso identifique negligência, o MPM poderá recomendar sanções administrativas ou apontar responsabilidade criminal. Entenda o caso - Dhiogo havia ingressado há apenas três meses no Exército Brasileiro e, desde o início, demonstrava não querer continuar servindo. “Em sua formatura, ele já se queixava muito. Minha mãe chegou a solicitar ao comandante a sua dispensa, mas nada foi feito, nem ao menos o remanejamento para outra área”, relatou o irmão, Thiago. O soldado foi encontrado morto, com um disparo de fuzil na cabeça, enquanto fazia guarda no posto do CMO, na Avenida Duque de Caxias. Segundo o irmão da vítima, o corpo foi removido sem perícia no local, o que contraria protocolos básicos de apuração. Segundo a família, o jovem não passou por nenhum teste psicológico específico para o manuseio de armas de fogo de alto calibre. “Ele relatava que sofria muito lá: ofensas de caráter vexatório. Se reclamasse, seria ainda mais cobrado. Era chamado de burro e quem o ajudava era os próprios colegas de pelotão. Todos viam que ele não tinha condições”, afirma o parente. A mãe, Christiane, reforça as denúncias e diz ter alertado repetidas vezes o comando sobre o estado emocional do filho. “Meu filho reclamava muito. Voltou da formatura sujo, ralado e machucado. Ele vivia sempre fechado e tinha medo das consequências que poderia sofrer caso revelasse algo interno. Inúmeras vezes relatei ao comandante, ao tenente e a quem eu encontrasse nas dependências do quartel, e eles sempre debochavam! Chegavam a zombar dele, dizendo que era autista, pois afirmavam que ele não levava jeito para o operacional”, contou. Em resposta, o Exército Brasileiro informou que foi aberto um IPM (Inquérito Policial Militar) para investigar o caso e que “algumas das alegações apresentadas até o momento são contraditórias”. De acordo com a instituição, o soldado foi encontrado ainda com vida e levado imediatamente ao Hospital Militar de Área de Campo Grande; por isso, não seria “lógico esperar a perícia se havia chance de salvamento”. Ajuda - Na Capital, o GAV (Grupo Amor Vida) oferece apoio emocional gratuito pelo telefone 0800 750 5554. Pessoas em sofrimento psíquico também podem procurar o Núcleo de Saúde Mental e os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial). Além disso, estão disponíveis os números 141 e 188 do CVV (Centro de Valorização da Vida), 190 da Polícia Militar e 193 do Corpo de Bombeiros, que podem ser acionados em situações de crise. Receba as principais notícias do Estado pelo celular . Baixe aqui o aplicativo do Campo Grande News e siga nas redes sociais: Facebook , Instagram , TikTok e WhatsApp .
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