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Estudo revela segredo da 'imortalidade' da baleia-da-Groenlândia, capaz de viver mais de 200 anos: 'Duas vidas humanas'

31/10/2025 06:00 O Globo - Rio/Política RJ

Em meio às águas geladas do Ártico, um gigante marinho desafia o tempo: a baleia-da-Groenlândia, que pode ultrapassar os 200 anos de vida, revela um segredo biológico que intriga cientistas e promete insights sobre longevidade e saúde.
Longe de depender da eliminação de células danificadas, como acontece em outros mamíferos, esse animal utiliza uma “oficina de manutenção genética” capaz de restaurar o DNA com eficiência extraordinária. O achado é liderado por Vera Gorbunova, da Universidade de Rochester, e publicado, nesta quarta-feira (29), na revista Nature por uma equipe internacional de mais de 50 pesquisadores.
O estudo identificou a proteína CIRBP como peça-chave desse sistema. Presente em níveis elevados nas baleias, ela acelera o reparo de quebras de dupla fita no DNA. Experimentos em células humanas mostraram que a introdução da CIRBP melhora significativamente sua capacidade de reparo. “As células humanas também são capazes de recuperar sua funcionalidade quando a CIRBP é introduzida”, afirma Gorbunova.
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A biologia desse gigante do Ártico está intimamente ligada ao frio. Segundo o biólogo Andrei Seluanov, a produção da proteína aumenta à medida que a temperatura cai, sugerindo que o ambiente gelado contribui para proteger o genoma. Testes em moscas-das-frutas com a proteína CIRBP também mostraram aumento na expectativa de vida.
Além de reparar o DNA, as células da baleia-da-Groenlândia raramente acumulam mutações perigosas, atuando como um escudo contra doenças. Jan Vijg, do Albert Einstein College of Medicine, explica que esse mecanismo ajuda a resolver o paradoxo de Peto: “Grandes mamíferos possuem recursos adicionais para se protegerem, corrigindo danos genéticos sem eliminar células funcionais”.
Registros históricos e análises de lentes oculares confirmam a longevidade da espécie, com indivíduos chegando a 211 anos. Povos inuítes já descreviam essas baleias como capazes de “viver duas vidas humanas”.
O estudo abre caminho para aplicações médicas em humanos, sugerindo que estimular proteínas como a CIRBP poderia fortalecer a resistência ao envelhecimento e às doenças. Mais do que um gigante dos mares, a baleia-da-Groenlândia emerge como modelo biológico para futuras pesquisas em longevidade e proteção celular.

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