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Esse é o maior enigma criado por Vale Tudo após Odete ficar viva em 2025

18/10/2025 15:56 A Tarde - Política

Vale Tudo chegou ao fim como um banquete em que o cheiro é irresistível, mas o prato principal nunca chega. O remake da “novela das novelas” da Globo dominou as redes sociais, gerou conversas acaloradas e bateu recordes de merchandising. No entanto, conseguiu decepcionar quem esperava o renascimento do espírito provocador de Gilberto Braga.O resultado foi uma obra fraca no visual e narrativamente vazia, sufocada por escolhas equivocadas e, principalmente, pelo apagamento inexplicável de sua protagonista.Manuela Dias, baiana e altamente reconhecida pela série Justiça, parecia disposta a atualizar Vale Tudo com uma releitura moderna e politizada. Mas entre câmeras tremidas, discursos morais e tramas que se contradiziam a cada semana, a novela virou uma colcha de remendos (e de anúncios).A Globo, claro, comemorou os mais de R$ 200 milhões em publicidade e as 87 ativações de marcas. Para a emissora, Vale Tudo foi um sucesso comercial. Para o público, um comercial de luxo com 173 capítulos de duração.Mas o grande "crime" de Manuela Dias foi outro: ela matou Raquel. Taís Araújo começou a novela no centro da história, como símbolo da mulher forte, ética e batalhadora. Aos poucos, porém, foi sendo engolida pelo próprio roteiro. Quando não desaparecia por capítulos inteiros, surgia apenas para comentar a vida dos outros. O símbolo da esperança virou figurante de luxo.


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O apagamento de Raquel ficou ainda mais gritante nas últimas semanas, quando até a morte de Odete Roitman perdeu o impacto. O mistério, reencenado com talento por Débora Bloch, foi desperdiçado por uma explicação frouxa e um final tão confuso que nem a própria Odete entenderia.O público esperava tensão e genialidade. Recebeu uma ambulância e um roteiro pedindo socorro.Remake de Vale Tudo deixou a desejarÉ inegável que Vale Tudo deu audiência e gerou debate. Mas reverberou mais pela nostalgia do original e pela força do marketing do que por mérito  próprio. O remake poderia ter sido um retrato atualizado do Brasil, ainda corrupto, desigual e cínico. Preferiu ser um desfile de marcas, uma sucessão de histórias mal costuradas e um festival de oportunidades perdidas.No fim, o público não queria só saber quem matou Odete Roitman. Queria entender quem matou a própria essência de Vale Tudo. E por que Raquel, símbolo da ética e da esperança, foi deixada para morrer esquecida no roteiro.Gilberto Braga escreveu uma novela em 1988 sobre o Brasil que não deu certo. Manuela Dias fez uma versão sobre a Globo que deu lucro. E, em 2025, o verdadeiro assassinato não foi o de Odete, mas o da alma da teledramaturgia brasileira.*Luiz Almeida é jornalista e analista de televisão

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