
Dinheiro de fundos ligados ao PCC bancou R$ 300 milhões na SAF do Atlético-MG
O investimento de R$ 300 milhões feito pelo banqueiro Daniel Vorcaro para adquirir parte da SAF (Sociedade Anônima do Futebol) do Atlético-MG tem uma origem controversa.Documentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mostram que o dinheiro usado na Galo Holding SA partiu de fundos de investimento que estão sob investigação do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) por suspeita de servirem para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio do PCC (Primeiro Comando da Capital).A descoberta, que envolve um complexo esquema de "fundo sobre fundo", lança uma sombra sobre a injeção de capital no clube mineiro. A informação foi divulgada pelo jornal Estadão.O esquema "Fundo sobre Fundo"O veículo utilizado por Daniel Vorcaro para deter 26,9% da Galo Holding SA é o Galo Forte FIP. O Sport Insider mapeou o fluxo de capital e descobriu que o dinheiro do Galo Forte FIP está ligado a uma complexa cadeia de fundos, idêntica ao modelo investigado pelo MP-SP no âmbito da Operação Carbono Oculto.No topo da cadeia investigada pelo MP-SP estão os fundos Olaf 95 e Hans 95, geridos pela Reag Investimentos. Em agosto, a sede de ambos os fundos foi alvo de busca e apreensão.
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O MP-SP aponta que esses fundos de investimento são "um pilar central na estrutura do crime organizado sob apuração, sendo instrumentalizados para diversos propósitos criminosos, principalmente a ocultação e a lavagem de capitais".O patrimônio do Galo Forte FIP, que hoje é de R$ 300 milhões, coincide com os aportes públicos feitos por Daniel Vorcaro na SAF: R$ 100 milhões em novembro de 2023 e mais R$ 200 milhões em julho de 2024. O fundo Astralo figura como único cotista do Galo Forte.A dificuldade em identificar os cotistas finais dos fundos é proposital, segundo o MP-SP, que afirma que a estrutura visa "criar camadas sobrepostas para dificultar ou impedir a identificação do beneficiário final".Posicionamento das empresasProcurado pela reportagem do Estadão, o Atlético-MG se manifestou por meio de nota oficial, afirmando que o Galo Forte Fundo de Investimento é um veículo devidamente constituído e regular perante a CVM. "Contexto no qual o Atlético não tem conhecimento de quaisquer irregularidades", disse o clube.A Reag Investimentos também se posicionou, esclarecendo que sua função é apenas como prestadora de serviços de administração dos fundos e não como "dona" dos recursos. A empresa ainda informou que seu negócio de administração de serviços está em negociações adiantadas para venda.O Banco Master, comandado por Daniel Vorcaro, também foi procurado para se manifestar, mas não enviou resposta.
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