Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

Dia dos Finados: em cemitério, pessoas registram orações por policiais mortos em megaoperação

02/11/2025 14:27 O Globo - Rio/Política RJ

O Jardim da Saudade Sulacap, na Zona Oeste do Rio, amanheceu coberto por cem mil flores brancas neste domingo, em que se comemora o Dia de Finados. Em um túnel formado com elas, papéis em branco foram colocados para homenagens e pedidos de orações. As lembranças registradas incluíram os policiais mortos na megaoperação que ocorreu no Rio de Janeiro nesta semana.
"Rezemos pelos policiais mortos que defenderam a sociedade", escreveu uma pessoa. O espaço de reflexão também recebeu diversos pedidos de paz.
— Diante das guerras que o mundo tem acompanhado, quisemos convidar o público a participar de um manifesto simbólico: esta galeria de flores brancas em sinal de paz, em memória das vítimas das guerras e dos entes queridos — disse Fabienne Bezerra, presidente do Grupo Jardim da Saudade.
Memória, fé e arte no Rio
Neste Dia de Finados, o Rio se transforma em um grande espaço de memória, fé e arte. A cidade presta homenagens que vão do canto à contemplação. Tributos musicais Preta Gil e Arlindo Cruz acontecem ao longo do dia no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju. Na mesma rua, o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta, celebrou às 8h uma missa no Crematório e Cemitério da Penitência, na mesma rua, na Zona Portuária da cidade.
No Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio, o Dia de Finados também começou cedo, com o som dos sinos chamando para a missa campal. Às 9h, o pátio principal já estava tomado por fiéis, velas acesas e o murmúrio das preces. A celebração terminou às 10h, abrindo espaço para o movimento silencioso — e cheio de histórias — de quem veio visitar os mortos.
Entre os corredores de túmulos, um casal de idosos caminhava de mãos dadas. Paravam diante das lápides, tentando decidir a ordem da visita.
— Vamos primeiro na minha avó, depois na minha mãe — disse a senhora, que guiava o marido, com o passo lento e firme de quem já conhece o caminho há muitos anos.
Cânticos católicos e pontos da umbanda se misturam
Enquanto isso, famílias trocavam flores murchas por arranjos novos, acendiam velas, rezavam terços e entoavam cânticos. Em alguns pontos, os cânticos católicos se misturavam aos pontos da umbanda.
A saudade nos cemitérios ganha várias formas — e até gera trabalho. Uma dezena de meninos da região aproveita o dia para limpar túmulos em troca de alguns trocados. Munidos de sabão, cloro e escovas, eles se espalham entre as sepulturas, oferecendo o serviço a quem chega com flores e saudade.
— Dependendo do estado do túmulo, cobramos até R$ 30 — contou um deles, enxugando o suor antes de seguir à procura de mais um jazigo empoeirado.
Initial plugin text

Fonte original: abrir