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Dia do Professor: o valor do estudo e o futuro da engenharia brasileira

15/10/2025 22:13 Imirante - Política

<p>O Dia do Professor deve levar a sociedade a uma profunda reflexão, sobretudo sobre o futuro do Brasil. O país apresenta indicadores preocupantes na educação, especialmente em matemática. Essa realidade decorre, em grande parte, de uma herança cultural que tende a valorizar mais a experiência prática do que a formação acadêmica, como se o saber empírico fosse suficiente para substituir o estudo sistemático.</p><p>Essa visão é especialmente nociva, sobretudo na engenharia, profissão que possui alto poder lesivo coletivo. Exemplos trágicos como os desastres de <strong>Mariana e Brumadinho</strong>, o <strong>incêndio na Boate Kiss</strong>, o <strong>incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo</strong> e o <strong>desabamento da Ponte JK</strong>, que interligava o Maranhão ao Tocantins, resultaram em <strong>537 mortes no total</strong>, evidenciando os riscos inerentes à engenharia e deixando claro para a sociedade os perigos do <strong>exercício ilegal</strong> ou da <strong>má conduta profissional</strong>.</p><p>O projeto, em essência, precede as etapas de planejamento e estudo e representa o verdadeiro coração de uma obra, fruto do conhecimento científico e da sólida formação acadêmica do engenheiro. Ao se valorizar mais a execução da obra do que o estudo, o planejamento e o projeto, enfraquece-se a importância do estudo e, por consequência, da ciência.</p><p>Um exemplo simples pode ser observado na contratação de um link de internet. Sons, imagens e vídeos são todos dados que precisam ser transmitidos, seja por rádio ou por meios guiados, como a fibra óptica. A partir do momento em que, como nação, passarmos a valorizar a educação e o estudo, naturalmente teremos ganhos de produtividade e desenvolvimento. Afinal, como fazer engenharia sem projeto?</p><p>O projeto é muito mais do que um documento técnico ou um simples desenho em papel. Ele representa a materialização de uma base estruturada em <strong>cálculo diferencial e integral, equações diferenciais, análise complexa, transformadas integrais, geometria analítica, cálculo vetorial, álgebra linear, mecânica clássica, gravitação, ondas, termodinâmica, eletromagnetismo, óptica, física moderna, eletricidade, mecânica dos sólidos e fenômenos de transporte</strong>, entre tantos outros campos do conhecimento científico.</p><p>A engenharia não se restringe à engenharia civil. Também na engenharia elétrica, as instalações elétricas exigem o domínio da análise de Fourier e do eletromagnetismo pelo engenheiro eletricista, conhecimentos indispensáveis para enfrentar desafios relacionados aos harmônicos e aos fenômenos de compatibilidade e interferência eletromagnética (EMC/EMI), aspectos centrais para a segurança, a confiabilidade e a eficiência dos sistemas modernos.</p><p>Sem falar dos engenheiros aeronáuticos, mecânicos, de telecomunicações e de petróleo, responsáveis pela segurança dos nossos voos, da internet, dos combustíveis e da energia. Em especial, não podemos esquecer o <strong>engenheiro nuclear</strong>, cuja atuação envolve um grande potencial lesivo coletivo à sociedade em caso de sinistros. Assim, a engenharia abrange diversas áreas que utilizamos diariamente sem perceber, mas nas quais o projeto de engenharia é decisivo para transformar ciência em realidade segura e funcional.</p><p>Na engenharia, a execução, também conduzida sob a responsabilidade do engenheiro, integra um sistema de duplo controle. De um lado está o projeto, que traduz ciência em planejamento técnico. De outro está a execução, que aplica esse planejamento na prática. Durante a execução, o engenheiro pode identificar falhas ou inconsistências e acionar o projetista para as adequações necessárias. Esse processo garante mais segurança para a sociedade, pois assegura que eventuais problemas sejam tratados de forma técnica e responsável antes que comprometam a obra.</p><p>Quem nunca ouviu frases como “eu sempre construí assim e nunca caiu”, “meu pedreiro cobra mais barato” ou “o serralheiro do meu conhecido sabe fazer sem engenheiro”? Essas falas, ainda comuns, revelam o quanto persiste a perigosa confusão entre experiência empírica e responsabilidade técnica e, mais grave, configuram práticas de exercício ilegal da engenharia, tipificadas no artigo 6º da Lei nº 5.194/1966.</p><p>Cada profissional tem sua importância e deve ser valorizado. Mestres de obras, técnicos, operários e engenheiros compõem um conjunto indispensável para qualquer empreendimento. Contudo, essa valorização não pode ocorrer à custa da desvalorização da formação acadêmica, pois isso significa desvalorizar também a educação. Enquanto mestres de obras e técnicos contribuem de forma essencial na execução, é o e

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