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Dia da Solidariedade Intersexo: Conheça as celebridades que lutam por visibilidade e direitos

08/11/2025 07:30 O Globo - Rio/Política RJ

O Dia da Solidariedade Intersexo, comemorado em 8 de novembro, é uma data importante para promover o reconhecimento, a dignidade e a autonomia corporal das pessoas intersexo. Elas nascem com características biológicas que não se enquadram nas definições tradicionais de homens ou mulheres cis. Essas diferenças podem ser cromossômicas, hormonais ou externas, como a formação geniturinária que difere do tradicional pênis ou vulva. Em alguns casos, as variações só se tornam visíveis nas características sexuais secundárias com o passar do tempo.
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A data também marca o nascimento de Herculine Barbin, uma das figuras intersexuais mais conhecidas, cuja história foi imortalizada nas memórias publicadas por Michel Foucault. Seu relato ajudou a aprofundar o debate sobre as experiências intersexo e sua inserção na história.
Herculine enfrentou violências na infância devido ao excesso de pelos no rosto e corpo. Já adulta, durante uma consulta médica, descobriu que era intersexo, sendo diagnosticada como "hermafrodita". A partir daí, passou a ser submetida a exames invasivos, teve seu gênero questionado e foi redesignada como "homem" por um tribunal francês. O impacto dessas experiências psicológicas culminou no seu suicídio anos depois.
Segundo estimativas da ONU, até 1,7% da população mundial é intersexo, um número comparável ao de pessoas ruivas. No entanto, essa população ainda está distante da representatividade que deveria ocupar na sociedade e na cultura.
Entre as personalidades que transformaram suas trajetórias em símbolos de resistência, destaca-se Hanne Gaby Odiele, de 35 anos. Nascida na Bélgica e uma das principais modelos de campanhas internacionais, a modelo revelou ser intersexo e relatou ter sido submetida a cirurgias corretivas na infância, sem o seu consentimento.
Desde que tornou pública sua história, ela passou a defender que crianças intersexo tenham o direito de decidir sobre seus próprios corpos, e que o tema seja tratado com transparência tanto nas famílias quanto nas instituições de saúde. Em uma de suas entrevistas, Hanne afirmou que ser intersexo é parte natural da diversidade humana, e que esconder essa realidade apenas reforça o preconceito.
River Gallo é uma das vozes mais expressivas de Hollywood no debate sobre o tema. Artista não binárie, o cineasta escreveu, dirigiu e protagonizou o filme "Ponyboi", o primeiro longa-metragem da história a ser estrelado e roteirizado por uma pessoa intersexo. Ao compartilhar sua experiência, o ator destacou a importância de ocupar o cinema como uma ferramenta de transformação social.
Em declarações recentes, River afirmou que ser intersexo é, para ele, um ato político, e que a visibilidade cultural é fundamental para combater o estigma médico e social que ainda envolve a comunidade.
Alicia Roth Weigel, de 33 anos, também se tornou uma das figuras mais reconhecidas na luta pela causa. Nascida nos Estados Unidos, a escritora descobriu ser intersexo apenas aos 27 anos e, desde então, tem trabalhado na formulação de políticas públicas e campanhas voltadas para a diversidade corporal. Em seu livro autobiográfico, a escritora compartilha as consequências do silêncio médico e o impacto psicológico de crescer sem acesso à verdade sobre seu próprio corpo. Sua história foi retratada no documentário "Every Body", que reuniu vozes intersexo e levou o tema para o centro do debate em Hollywood.
Embora tenha havido avanços importantes, o número de artistas intersexo na indústria cinematográfica ainda é reduzido, o que reforça os desafios da representatividade. As histórias de Hanne, River e Alicia mostram que o Dia Internacional do Intersexo vai além da simbologia e representa uma luta real por reconhecimento e inclusão. Ao dar rosto e voz a uma causa por tanto tempo invisibilizada, essas personalidades ajudam a transformar o olhar da sociedade sobre o corpo humano e suas múltiplas possibilidades.

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