Culinária italiana é declarada patrimônio cultural imaterial da Unesco
A cozinha italiana entrou oficialmente, nesta quarta-feira, para a lista do patrimônio cultural imaterial da Unesco, em uma decisão inédita que reconhece pela primeira vez a gastronomia de um país em sua totalidade. O anúncio foi recebido como um triunfo político e cultural em Roma. A primeira-ministra Giorgia Meloni afirmou que o reconhecimento “honra quem somos e nossa identidade”, destacando que, para os italianos, a culinária vai muito além de receitas: “É cultura, tradição, trabalho, riqueza”.
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Conhecida mundialmente pela pasta, pela pizza, pelo gelato e por uma infinidade de pratos regionais feitos com ingredientes simples e locais, a Itália já tinha elementos isolados de sua gastronomia reconhecidos pela Unesco, como a pizza napolitana e o café espresso.
A inclusão agora tem escopo muito mais amplo e difere, inclusive, da feita à França em 2010, que homenageou práticas gastronômicas específicas, como a estrutura de refeições em quatro pratos.
No bairro romano de Trastevere, a novidade foi celebrada entre restauradores. Leonora Saltalippi, coproprietária da trattoria Da Gildo, destacou que a cozinha italiana é fruto de séculos de saber doméstico.
— Tudo é um legado nascido da visão das mulheres na cozinha — disse a restauradora, de 43 anos. — Em tempos de escassez, foram elas que encontraram sabor nas pequenas coisas da terra, começando pelo azeite e chegando a tudo o que tocavam.
Ao finalizar um prato de fettuccine com alcachofras, ela lembrou que cada família italiana carrega sua própria receita “sem nada escrito”, transmitida pela memória e pelo afeto. A cliente Tiziana Acanfora, de 51 anos, reforçou essa percepção: — O que faz diferença é o cuidado e o amor com que as coisas são preparadas, não só na cozinha.
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