
CRB: o time dos extremos
Do Céu ao Chão: A Dupla Face do CRB.
(Foto: Divulgação/CRB)
Os números do CRB na Série B são um convite à reflexão.O time lidera em posse de bola (56,1%), escanteios (6,4 por jogo), notas médias Sofascore (6,98) e está entre os que mais criam, com 69 grandes chances, segundo melhor da competição.Em qualquer métrica ofensiva, o CRB joga como equipe de Série A.Mas quando o assunto é transformar volume em resultado, o contraste é gritante: também lidera o ranking de chances perdidas, com 45.É o time que mais joga, mas também o que mais deixa o gol escapar.E esse é o ponto em que o scout revela o paradoxo: a produção é alta, o aproveitamento é baixo.O domínio existe, mas não se traduz em vitória.A equipe tem ideia, tem padrão, mas carece de eficiência.Do outro lado do campo, os números defensivos explicam parte da história.
Higor Meritão - Lider nos duelos defensivos na série B..
(Foto: Divulgação/CRB)
Nos desarmes, o CRB é apenas o 17º colocado.Nas interceptações, cai para 18º, à frente apenas de Paysandu e América-MG.Mesmo assim, o time é o sexto com mais jogos sem sofrer gols (11), o que mostra que o sistema, embora vulnerável no meio, tem sustentação na última linha e em Matheus Albino, um dos goleiros mais regulares da Série B.Individualmente, Meritão carrega o piano: é o segundo maior desarmador da competição, com 79 desarmes, apenas um a menos que o lateral Lucas Rodrigues, da Ferroviária.Depois dele, o desnível é enorme.Mateus Ribeiro aparece apenas na 34ª posição, com 40 desarmes, e Crystopher surge em 69º, com 31.Os números escancaram o vazio de marcação no meio, zona de onde têm saído os últimos gols sofridos, em finalizações de fora da área, exatamente no setor de menor imposição física.
Eduardo Barroca no timaço da gazeta..
Ailton Cruz
E aqui entra o peso da ideia de jogo, mas também da limitação.Eduardo Barroca sempre priorizou um meio mais técnico e construtivo do que físico e combativo.É coerente com sua filosofia, mas também reflete o que o elenco oferece: faltam opções reais com características de força e intensidade.Entre a convicção e a necessidade, ele tem administrado um elenco curto, onde teve algumas vezes que improvisar .É o preço de sustentar uma proposta moderna num campeonato que exige choque, resistência e elenco profundo.
Comemoração do gol do CRB, de Thiaguinhoo.
(Foto: Divulgação/CRB)
O CRB vive o paradoxo dos extremos.Brilha nos scouts de construção e padece nos de recuperação.É uma equipe de conceito moderno, mas ainda de execução oscilante.Os números mostram um time que sabe o que quer fazer, mas ainda não aprendeu a equilibrar o quanto precisa sofrer para vencer.Em resumo, o CRB é Série A no conceito, mas Série B na execução.Tem posse, tem volume, tem método.Falta o equilíbrio que separa o vistoso do vencedor.Os números não escondem o talento, mas também não perdoam a omissão.Quando a equipe entender que atacar bem começa com defender melhor, os dados e o placar vão finalmente contar a mesma história.
Atletas do CRB comemoram o gol ..
Ailton Cruz
E se a pergunta for o que faltou, a resposta está em três fatores claros:a disparidade de desempenho entre casa e fora, que desmonta qualquer sequência;a série negativa de seis jogos sem vencer, que abalou a confiança ;e as falhas individuais, que custaram pontos em momentos decisivos.No futebol, os números contam parte da história, mas são os detalhes que escrevem o final.O CRB tem estrutura, padrão e volume.Faltou constância, frieza e execução, os três ingredientes que transformam bons dados em vitórias grandes.
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