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CPI do INSS: governo derrota oposição e blinda irmão de Lula

16/10/2025 14:49 G1 - Política

CPI do INSS: governo derrota oposição e blinda irmão de Lula
Reprodução/TV Senado
A base do governo na CPI mista do INSS conseguiu impedir nesta quinta-feira (16) a convocação de José Ferreira da Silva, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e vice-presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi).
Foram 11 votos favoráveis à convocação e 19 contrários. O Sindnapi é uma das entidades investigadas pelo esquema de descontos fraudulentos em benefícios previdenciários.
A instituição foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na última semana e teve R$ 390 milhões em bens bloqueados por ordem do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Conhecido como "Frei Chico", o irmão de Lula não foi alvo direto de ações e também não é formalmente investigado pela Polícia Federal. Mesmo com a rejeição desta quinta, os membros da CPI ainda poderão apresentar e votar novos pedidos de convocação.
CPMI do descontos ilegais de aposentados ouve ex-presidente do INSS
O dirigente sindical é um dos alvos preferenciais de parlamentares de oposição no colegiado, que tenta atrelar a gestão Lula ao escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
No início dos trabalhos da CPI, congressistas aliados ao governo chegaram a anunciar que haviam construído um acordo para centralizar a investigação em presidentes de entidades investigadas e nos ministros e técnicos ligados à Previdência Social. Pela costura, que foi negada pela oposição e pelo Centrão, "Frei Chico" não se tornaria alvo.
Em depoimento à CPI mista, o presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza Filho, afirmou que, dentro da entidade, "Frei Chico" não tinha funções administrativas. Segundo ele, o irmão de Lula exercia um papel "político de representação sindical".
"Contrariando o meu advogado, eu quero dizer que ele nunca teve esse papel de administrativo no sindicato, só político, político de representação sindical. Nada mais do que isso. E não precisei, em nenhum momento, solicitar a ele que abrisse qualquer porta do governo", disse o sindicalista conhecido como Milton Cavalo.
Ao defender a convocação de "Frei Chico", o deputado Luiz Lima (Novo-RJ) declarou que o depoimento era "justo e honesto". O parlamentar afirmou que o irmão do presidente Lula precisa esclarecer à CPI qual era o seu papel dentro do Sindnapi e o motivo pelo qual integra a entidade.
Em nome do governo, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirmou que não há qualquer indício de que "Frei Chico" participou de atividades investigadas pela CPI.
"Não tem materialidade, não tem fato concreto, então, eles içam alguém para tentar colar a imagem do presidente Lula. ['Frei Chico'] está há um ano no sindicato. Ele está desde 2024, com uma função simbólica. Não tem uma atividade administrativa, não faz movimentação financeira, não participa de nenhuma atividade que o ligue ao que estamos investigando aqui", afirmou.
A Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev) informou à comissão que, entre 2020 e 2025, o Sindnapi foi o terceiro maior destinatário dos descontos associativos debitados nas folhas de aposentados e pensionistas.
Os dados apontam que, no período, a entidade recebeu cerca de R$ 507,5 milhões.
A CPI mista do INSS já quebrou os sigilos bancário e fiscal da entidade e do presidente do Sindnapi e de sua esposa.
Endereços do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) são alvo da Polícia Federal nesta quinta-feira (9).
Montagem/g1/Reprodução/GoogleMaps e PF
Planalto também consegue livrar Carlos Lupi
Além de blindar o irmão de Lula, a base do governo também saiu vitoriosa nesta quinta ao conseguir retirar da pauta de votações requerimentos que pediam quebras dos sigilos bancário, fiscal, telemático e telefônico do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi.
Lupi comandava o ministério na ocasião da primeira operação deflagrada pela PF sobre os descontos fraudulentos no INSS. Ele pediu demissão da pasta dias depois, em meio a um processo de fritura e ao desgaste provocado pelas investigações.
O ex-ministro prestou depoimento à CPI em setembro. Ao longo da oitiva, Carlos Lupi se defendeu das acusações de que teria se omitido diante de denúncias de fraudes.

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