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Corpos de 135 palestinos devolvidos por Israel tinham sinais de tortura e maus-tratos, dizem autoridades de Gaza

20/10/2025 21:41 O Globo - Rio/Política RJ

Autoridades do Ministério da Saúde de Gaza informaram ao jornal The Guardian que pelo menos 135 corpos de palestinos devolvidos por Israel a Gaza estavam detidos em Sde Teiman — um centro de detenção israelense famoso por já ter sido alvo de acusações de tortura e mortes ilegais sob custódia. De acordo com fotos e testemunhos publicados pelo Guardian no ano passado, nessa base militar israelense — que fica localizada no deserto de Negev, sul de Israel — os detidos palestinos eram mantidos em jaulas, vendados e algemados, acorrentados a camas de hospital e forçados a usar fraldas. Na ocasião, o exército israelense iniciou uma investigação criminal, que continua em andamento, sobre a morte de 36 prisioneiros detidos no local.
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O diretor-geral do Ministério da Saúde de Gaza, Dr. Munir al-Bursh, e um porta-voz do hospital Nasser — localizado em Khan Younis, cidade ao sul da Faixa de Gaza, onde os corpos estão sendo examinados — disseram que documentos encontrados dentro dos sacos mortuários, escritos em hebraico, indicam que todos os corpos vieram de Sde Teiman. Eyad Barhoum, diretor administrativo do complexo médico, relatou que os corpos não tinham nomes, "apenas códigos" e que parte do processo de identificação já havia começado.
Como parte do acordo de cessar-fogo firmado entre Israel e Hamas, o grupo terrorista entregou ao longo dos últimos dias os corpos de 12 dos 28 reféns que morreram durante a guerra. Em contrapartida, autoridades israelenses transferiram até agora os corpos de 150 palestinos mortos após o ataque de 7 de outubro de 2023.
Segundo a reportagem do jornal britânico, algumas das fotografias dos corpos palestinos mostram várias das vítimas com os olhos vendados e as mãos amarradas atrás das costas. Uma das imagens mostra uma corda amarrada ao pescoço de um homem.
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Suspeitas de tortura e execução
Médicos em Khan Younis afirmaram que exames oficiais e observações no terreno “indicam claramente que Israel cometeu assassinatos, execuções sumárias e tortura sistemática contra muitos palestinos”. Autoridades de saúde palestinas destacam ainda que as conclusões documentadas incluíam “sinais claros de tiros diretos à queima-roupa e corpos esmagados sob as esteiras de tanques israelenses”.
Segundo o Guardian, ainda que haja evidências substanciais de que muitos dos palestinos devolvidos foram executados, é muito mais difícil determinar onde as vítimas foram mortas. Isso porque Sde Teiman é um depósito para corpos retirados de Gaza, mas também é uma prisão que se tornou famosa pelas mortes em cativeiro. Ativistas de direitos humanos exigem uma investigação para descobrir se algum dos mortos foi assassinado lá e, se sim, quantos deles.
O corpo de Mahmoud Ismail Shabat, de 34 anos, do norte de Gaza, apresentava marcas de enforcamento no pescoço e de esmagamento por tanques nas pernas, o que sugere que ele foi morto ou ferido em Gaza e que seu corpo foi posteriormente levado para Sde Teiman. Seu irmão Rami, que identificou o corpo do irmão pela cicatriz de uma cirurgia anterior na cabeça, contou que suas mãos estavam amarradas e seu corpo estava "coberto de sinais claros de tortura".
Alguns médicos palestinos afirmam que o fato de muitos dos corpos estarem com os olhos vendados e amarrados sugere que eles foram torturados e depois mortos durante sua detenção em Sde Teiman – onde, de acordo com reportagens da mídia israelense e depoimentos de guardas prisionais denunciantes, Israel mantém cerca de 1.500 corpos de palestinos de Gaza.
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Um denunciante que falou ao Guardian e testemunhou as condições de detenção em Sde Teiman disse que atendeu pacientes com ferimentos à bala que estavam algemados, com olhos vendados e nus. Outro denunciante descreveu que pacientes palestinos estavam algemados às camas, além de vestidos com fraldas e com os olhos vendados. Segundo ele, alguns pacientes tinham vindo de hospitais em Gaza e tinham membros amputados e feridas infectadas. "Gemiam de dor", disse ele.
O homem afirmou ao Guardian que os militares não tinham provas de que os detidos fossem todos membros do Hamas, e chegou a ficar sabendo que a mão de um detento havia sido amputada “porque os pulsos ficaram gangrenados devido a ferimentos causados pelas algemas”.
Shadi Abu Seido, um jornalista palestino de Gaza que trabalha para o Palestine Today foi libertado após 20 meses de detenção em Sde Teiman e em outra prisão israelense. Em entrevista publicada no Instagram pela emissora pública turca TRT, ele contou que foi preso pelas forças israelenses no hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, em 18 de março de 2024. Segundo ele, os militares o deixaram "completamen

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