Como os EUA decidem quais barcos atacar no Caribe e no Pacífico? Veja o que sabemos sobre as operações
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o secretário de Guerra Pete Hegseth afirmaram repetidamente nos últimos dias que as embarcações destruídas por militares americanos no Caribe e no Pacífico são usadas para transportar drogas. Apesar de Hegseth ter confirmado o afundamento do 10º barco nesta sexta-feira, o Pentágono e a Casa Branca pouco discutiram publicamente sobre como chegaram à conclusão para autorizar os ataques.
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Normalmente, o governo americano não discute explicitamente a Inteligência por trás de operações militares, embora autoridades frequentemente descrevam detalhes de um ataque ou incursão depois que ele é concluído. No caso dos ataques a barcos, o governo dos EUA não forneceu detalhes sobre como sabia que as embarcações transportavam drogas, nem sobre as cerca de 40 pessoas mortas nos ataques.
Veja o que se sabe, enquanto detalhes das operações permanecem obscuros:
O que o governo Trump disse sobre as evidências?
Trump afirmou na quinta-feira que sua administração tinha uma "inteligência incrível" de que drogas estavam sendo contrabandeadas nos barcos. Em comentários anteriores, ele foi mais expansivo ao falar sobre as informações.
— Temos provas e evidências registradas — disse Trump no mês passado. — Sabemos a que horas eles saíram, quando saíram, o que tinham e todas as outras coisas que você gostaria de saber.
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Ele acrescentou que a carga estava "espalhada por todo o oceano", e que haveria "grandes sacos de cocaína e fentanil por toda parte".
(Quaisquer drogas flutuando na água e vistas por aeronaves após um ataque provavelmente seriam cocaína, ou alguma droga mais volumosa. O fentanil — que chega aos EUA em grande parte do México, e não da Colômbia ou da Venezuela — é altamente concentrado e transportado em pacotes muito pequenos, o que o torna difícil de interceptar).
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Os comentários de Trump sugerem que ele se referia a comunicações interceptadas e imagens aéreas. Marco Rubio, o secretário de Estado e assessor de segurança nacional, reforçou a percepção de que os Estados Unidos sabem quem está nos barcos, de onde vêm e o que transportam.
— Nós os rastreamos desde o início — disse Rubio.
Autoridades informadas sobre os ataques afirmaram que a "inteligência de sinais" interceptada, sugerindo que os barcos transportavam drogas, é a mais forte das informações coletadas. Inteligência de sinais pode significar tráfego de rádio dos barcos ou informações obtidas de telefones celulares. As autoridades não especificaram, provavelmente para proteger sua capacidade de coletar informações no futuro.
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Reprodução de vídeo
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Quão confiáveis são as comunicações interceptadas?
À primeira vista, a inteligência de sinais pode parecer muito sólida. Essas informações podem mostrar que um telefone celular associado a um traficante de drogas embarcou em um barco específico. Também podem revelar mensagens de texto ou comunicações de rádio de uma embarcação suspeita de transportar drogas.
Mas isoladamente, esse tipo de informação pode ser enganoso. Traficantes de drogas, como terroristas, tendem a falar em código. Ninguém envia uma mensagem dizendo: "Carreguei a cocaína e estamos prontos para levá-la a Trinidad para transporte à Europa".
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Editoria de Arte
Às vezes, os traficantes que falam em código não são tão espertos quanto pensam. Outras vezes, é fácil interpretar uma conversa vaga como prova definitiva, quando não é.
Na preparação para a guerra do Iraque, o então secretário de Estado americano Colin Powell reproduziu trechos de gravações de oficiais iraquianos falando sobre um "veículo modificado" e "munição proibida". Como foi apresentado por Powell, parecia uma evidência de que o Iraque escondia armas químicas dos inspetores internacionais. Como agora sabemos, foi uma grave má interpretação dessas conversas. O Iraque não possuía armas de destruição em massa.
Ex-espiões dizem que o melhor uso da inteligência de sinais é combiná-la com outras informações, como imagens de satélite e relatos de informantes em outros países.
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