Censo 2022: favelas brasileiras sofrem com falta de arborização, vias sem calçadas e bueiros
Ausência de arborização, vias sem calçada ou com obstáculos e nenhum bueiro são características comuns às favelas e comunidades urbanas brasileiras, segundo um levantamento do IBGE divulgado nesta quinta-feira. Feito com dados coletados em 12.268 favelas, o estudo abarcou 6,4 milhões de domicílios nos quais residem 16,1 milhões de moradores.
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Um total de 64% de moradores de favelas e comunidades urbanas residiam em vias sem árvores. Quando o recorte por raça é feito, o percentual sobe: entre moradores que se declaram de cor ou raça preta, 68,0% viviam em trechos de vias sem árvores. Em contraponto, o percentual de pessoas que, estando fora destes territórios, moram em endereços também sem arborização é de 31%. Apenas 10,5% dos moradores de favelas convivem com cinco ou mais árvores no logradouro do domicílio.
Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo são os estados onde a diferença na quantidade de moradores em vias com arborização dentro e fora de favelas é maior, ficando entre 38,9 e 42 pontos percentuais. Na capital carioca, a distância é superior, atingindo 53,7 pontos. A situação é mais drástica em Rio das Pedras, na Zona Sudoeste, que tem apenas 3,5% de seus moradores em vias com arborização.
— Ao todo, eram 35% de moradores em favelas, comunidades urbanas, residindo em trechos com alguma arborização. É um fenômeno no qual notamos um decréscimo com o aumento do tamanho das favelas em termos populacionais. Então, quanto maiores as favelas, menor a proporção de moradores em trechos com arborização — diz Larissa Catalá, chefe do setor de suporte a favelas e comunidades urbanas.
Outro dado coletado pelo IBGE é o percentual de moradores dessas áreas com calçadas ou passeios no entorno de seus domicílios. Os dados mostram que 46,1% dessas pessoas residiam em logradouros sem essas estruturas. Do lado de fora das comunidades, apenas 10,1% das pessoas lidavam com a falta de espaço para a circulação de pedestres. Figurando entre as 20 maiores favelas do Brasil, Paraisópolis, em São Paulo, Pernambués, em Salvador, e a Rocinha, no Rio, tinham menos de 25% dos moradores em vias com calçamento. Cidade Olímpica (MA), Zumbi dos Palmares (AM) e Vila São Pedro (SP), por outro lado, têm mais de 90% de seus moradores residindo em endereços com calçadas ou passeios.
— É uma característica urbanística que é mais presente, conforme aumenta o tamanho das favelas, segundo sua população. Não é um aumento expressivo, mas conseguimos observar — diz Catalá.
Contudo, a quantidade de calçadas com espaço para a livre circulação de pedestres é menor. O IBGE identificou que apenas 3,8% dos moradores de favelas ou comunidades urbanas estão em endereços nos quais não existem obstáculos nas calçadas. Fora das favelas, esse percentual sobe para 22,4%.
Um total de 10.974 favelas tem menos de 10% dos moradores com calçadas sem obstáculos no entorno de seus domicílios. No Rio de Janeiro, a situação é pior na Rocinha e em Rio das Pedras, que têm menos de 0,5% de seus residentes com acesso a calçadas livres no entorno de casa.
Outro recorte trabalhado pelo IBGE é o da presença nas calçadas de rampas para cadeirantes. O número é baixo tanto dentro quanto fora das favelas, mas é ainda menor no interior delas. Apenas 2,4% dos moradores desses locais estavam em endereços com a presença de rampas, contra 18,5% daqueles que residem fora das comunidades. 11.457 Favelas tinham menos de 10,0% dos seus moradores em vias com rampa para cadeirante.
Gráficos mostram realidade do entorno de domicílios dentro e fora de favelas
Arte O Globo
Menos da metade vivia em trechos de vias com bueiro ou boca de lobo, totalizando 7,3 milhões de pessoas, o equivalente a 45,4% dos moradores, enquanto 8,8 milhões viviam em trechos sem a presença dessa infraestrutura. Fora das favelas, 61,8% das pessoas encontram esses equipamentos no entorno de suas casas. A pesquisa não analisou se os bueiros estavam em pleno funcionamento.
— Entendemos que a partir do momento que a favela vai se tornando maior, a população tende a ter mais acesso a esse equipamento — diz Felipe Borsani.
Roraima, Amapá, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal estão entre os estados em que a diferença entre a parcela da população que reside em endereços com bueiros e a que mora em locais onde não há escoamento é superior a 35 pontos percentuais. Segundo Borsani, 28% das favelas analisadas tinham menos de 10% de sua população residindo em logradouros com bueiro ou boca de lobo.
Entre os dados levantados pelo IBGE está também a quantidade de pessoas com iluminação pública no entorno do domicílio. Nove em cada dez moradores (91,1%) de favelas viviam em ruas com postes de luz, enquanto 1,4 milhão residia em endereços sem iluminação pública. Nas área
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