Briga ou ritual? Câmera registra disputa rara entre tatus da maior espécie do mundo em RO
Câmeras registram disputa inédita entre maiores tatus do mundo em RO
Um registro inédito feito por câmeras de trilha na Reserva Água Doce, em Cacoal (RO), revelou um comportamento raramente observado na natureza: dois tatus-canastra machos em confronto. A disputa durou cerca de 34 minutos (veja acima).
As imagens foram captadas por uma câmera instalada próximo a um barreiro apelidado de “Lost”, área frequentemente usada por diversos animais da floresta. Ao g1, o fundador e administrador da reserva, Jorge Antônio Cavallet, informou que nunca havia presenciado uma disputa tão longa e intensa entre dois tatus-canastra.
“Temos outros registros de comportamento natural — alimentação, deslocamentos, marcação de território —, mas uma briga entre machos adultos dessa espécie é raríssima", disse.
🔎 O tatu-canastra, que pode ultrapassar um metro de altura e chegar a 60 quilos, é o maior tatu do mundo e está ameaçado de extinção. Encontrá-lo já é um evento raro; observar dois machos adultos em confronto é ainda mais incomum.
Segundo Jorge, o que mais chama a atenção nas imagens é a resistência e a força dos animais. Para ele, a cena ajuda a compreender melhor o comportamento da espécie.
“O que mais impressiona é a resistência física e a força dos animais, que se enfrentam de forma instintiva, sem ferimentos graves aparentes. O som da mata ao redor permanece constante, mostrando que a natureza segue seu curso, sem intervenção humana", disse.
O registro inédito é resultado de um trabalho contínuo de monitoramento iniciado há seis anos. Além dos tatus, outros animais selvagens já foram flagrados passeando pela reserva.
"Ao longo desse período foram feitas centenas de gravações que documentam a presença de onças, antas, veados, capivaras, tatus e inúmeras aves, como harpia e o gavião-de-penacho”, relata o fundador.
Conflito e conservação
Para Jorge, só em áreas preservadas é possível registrar cenas como essa. Manter a floresta protegida e monitorada ajuda a cuidar dos animais, conhecer melhor a natureza e fazer as pessoas perceberem a importância de conservar a vida selvagem.
"Essas cenas ajudam pesquisadores a compreender melhor o comportamento reprodutivo e os limites de convivência entre indivíduos da espécie, informações valiosas para a conservação.”
O tatu-canastra é territorial, especialmente entre machos. Segundo Jorge, durante o período de acasalamento, podem ocorrer confrontos para definir dominância ou acesso à fêmea.
“Cada imagem registrada é um lembrete de que a floresta não precisa de espetáculo — ela é o próprio espetáculo da existência", disse.
Briga ou ritual de acasalamento?
De acordo com o biólogo Flávio Terassini, o confronto registrado entre os tatus-canastra é um evento raríssimo que ajuda a compreender o comportamento reprodutivo da espécie. Segundo ele, provavelmente havia uma fêmea dentro da toca, e os machos disputavam o acesso a ela.
“"Esses dois machos, a gente pode observar que um já é um adulto, e o outro, provavelmente um jovem, estão brigando. Esse é o ritual, e aquele que ganhar essa briga, é claro que ele vai ter como recompensa o poder de ficar com a fêmea”, explicou.
Ao g1, Terassini informou que o tatu-canastra é considerado um animal pré-histórico, descendente de tatus gigantes que construíam tocas enormes conhecidas como paleotocas. Hoje, a espécie é vulnerável à extinção devido à perda de habitat, à caça e à fragmentação da floresta, mas ainda é relativamente mais comum em áreas preservadas da Amazônia.
O registro revela características da espécie que impressionam até os especialistas.
“Como a gente está vendo aí nesses mamíferos, é algo fantástico. Confesso que foi a primeira vez que eu vi, fiquei impressionado”, comenta Flávio.
Disputa rara entre tatus da maior espécie do mundo em RO
Reprodução/acervo pessoal
Câmeras registram disputa rara entre tatus gigante em RO
Reprodução/acervo pessoal
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