3I/Atlas: Quando o cometa se aproximará do Sol?
Em 1º de julho, o telescópio localizado no Chile — que faz parte do Sistema de Alerta Final de Impacto Terrestre de Asteroides (ATLAS), financiado pela NASA — descobriu um cometa que se dirigia ao nosso sistema solar a partir de um ponto interestelar em alta velocidade. Desde então, os alarmes foram acionados e os astrônomos passaram a acompanhar de perto a trajetória do corpo celeste para descartar qualquer possibilidade de impacto com a Terra. Após vários meses de monitoramento, foi confirmado que há quatro dias o visitante já cruzou o periélio solar, ou seja, o ponto de maior aproximação com o Sol.
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O cometa foi classificado como interestelar porque possui uma órbita hiperbólica, e não uma órbita ao redor do Sol, como acontece com a maioria dos cometas conhecidos. Isso significa que ele nunca mais passará por esta região da Via Láctea. Por esse motivo, os cientistas orientaram sondas espaciais e telescópios em órbita para estudar e coletar o máximo de informações possível, já que até o momento apenas dois cometas com características extrassolares haviam sido identificados: o 1I/ʻOumuamua e o 2I/Borisov.
Esta animação mostra as observações do cometa 3I/ATLAS quando foi descoberto em 1º de julho de 2025. O telescópio de pesquisa ATLAS, financiado pela NASA e localizado no Chile, foi o primeiro a relatar que o cometa se originou no espaço interestelar
ATLAS/Universidade do Havaí/NASA
3I/ATLAS se aproxima do Sol
De acordo com dados da NASA e da Agência Espacial Europeia (ESA), o cometa entrou em periélio no dia 29 de outubro, isto é, atingiu o ponto de sua órbita em que se encontra mais próximo do Sol. Desde então, vem se aproximando cada vez mais da estrela até alcançar uma distância mínima de 1,35 unidades astronômicas, o equivalente a 202 milhões de quilômetros.
Nesse ponto, a superfície rochosa começou a se deteriorar, liberando fragmentos de gases e água devido ao aumento da temperatura. Esse processo deu origem a uma cauda luminosa, que o acompanha até hoje.
Por enquanto, o cometa permanece no lado oposto do Sol em relação à Terra. No início de dezembro, ele voltará a ser visível e então seguirá em direção ao nosso planeta. Apesar disso, não representa perigo para a vida humana, já que chegará apenas a 270 milhões de quilômetros da Terra. Os especialistas afirmam que não será visível a olho nu, e apenas telescópios espaciais terão capacidade de registrá-lo em imagens.
O Hubble capturou esta imagem do cometa interestelar 3I/ATLAS em 21 de julho de 2025, quando o cometa estava a 446 milhões de quilômetros da Terra. O Hubble mostra que o cometa possui um casulo de poeira em forma de lágrima se desprendendo de seu núcleo sólido e gelado
NASA, ESA, David Jewitt (UCLA); Processamento de imagem: Joseph DePasquale (STScI)
O que se sabe sobre o 3I/ATLAS até agora
Uma série de telescópios da NASA e orbitadores de Marte da ESA já capturaram imagens do cometa e as enviaram a especialistas para análise de sua composição e estrutura. O Telescópio Espacial Hubble permitiu aos astrônomos determinar o tamanho do núcleo gelado, estimado entre 300 metros e 5,6 quilômetros de diâmetro.
A sonda Juice (Jupiter Icy Moons Explorer), da ESA, observará o 3I/ATLAS entre os dias 2 e 23 de novembro, período em que o cometa estará em máxima atividade após a aproximação solar. No entanto, os astrônomos explicaram que, por se tratar de uma nave distante, os dados só deverão chegar à Terra em fevereiro.
A mais recente descoberta sobre o corpo celeste foi publicada na revista científica da BBC, Sky at Night Magazine. Nela, astrônomos da Universidade de Auburn, no Alabama (EUA), direcionaram o Observatório Neil Gehrels Swift, da NASA, para o cometa e detectaram gás hidroxila (OH) — uma assinatura química da presença de água. Essa detecção possibilitou observar uma luz ultravioleta tênue, semelhante à emitida por outras sondas dentro do nosso sistema solar.
Os responsáveis pela descoberta explicaram que a presença de água é usada como indicador de atividade cometária. Assim, o sinal desse halo luminoso — invisível a olho nu — significa que o 3I/ATLAS pode ser estudado da mesma forma que outros cometas conhecidos. Além disso, os cientistas estimam que o corpo celeste tenha cerca de 7 bilhões de anos, o que equivale a duas vezes a idade da Terra.
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