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Vaso sanitário de ouro feito por artista italiano será leiloado por US$ 10 milhões

01/11/2025 18:28 O Globo - Rio/Política RJ

A Sotheby’s anunciou na manhã de sexta-feira (31) que vai oferecer um vaso sanitário feito de ouro 18 quilates feito pelo artista Maurizio Cattelan — o mesmo provocador responsável pela banana colada com fita adesiva de 2024, vendida por US$ 6,2 milhões a um financista do mercado cripto.
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Cattelan criou o trono dourado em 2016 como uma das duas edições de uma obra chamada "America". Os lances começarão na faixa de US$ 10 milhões — ou no valor equivalente ao preço do ouro algumas horas antes do início do leilão, marcado para 18 de novembro, às 19h, na nova sede da Sotheby’s, no edifício Breuer, na Madison Avenue, em Nova York.
“Eu rejeitaria a ideia de que isso é apenas espetáculo puro”, disse David Galperin, vice-presidente e chefe de arte contemporânea da Sotheby’s, em entrevista. “Para mim, Cattelan é um dos maiores artistas de nossa geração, e esta é uma de suas obras mais icônicas.”
Essa versão do vaso foi vendida a um colecionador particular pela Galeria Marian Goodman em 2017.
Mas o vaso “gêmeo” — a outra edição fabricada pelo artista — acabou envolvido em uma pequena controvérsia política durante o primeiro governo Trump e depois virou alvo de um ousado roubo no Palácio de Blenheim, um museu na Inglaterra que foi o local de nascimento de Winston Churchill.
Aquela versão foi instalada no Museu Solomon R. Guggenheim em 2016 — talvez a primeira obra de arte a exigir tanto um segurança quanto um encanador. Mais de 100 mil visitantes usaram o vaso, que o museu mais tarde ofereceu como empréstimo ao governo Trump, depois de recusar o pedido da Casa Branca por um quadro de Vincent van Gogh para decorar os aposentos presidenciais.
A obra de arte de Maurizio Cattelan intitulada “Comediante” incluía uma banana presa com fita adesiva na parede
Kena Betancur/Agência France-Presse
“É, claro, extremamente valioso e um tanto frágil, mas forneceríamos todas as instruções para sua instalação e cuidado”, escreveu na época Nancy Spector, diretora artística e curadora-chefe do museu, em um e-mail a funcionários.
Em 2019, ladrões roubaram o vaso de ouro enquanto ele estava emprestado ao Palácio de Blenheim. Promotores levaram quatro anos para denunciar a quadrilha, que havia desconectado a obra do encanamento e causado um pequeno alagamento no local. Dois homens foram considerados culpados por um júri neste ano; outro foi absolvido.
Cattelan achou o roubo curioso, dizendo que não foi “exatamente o assalto do século”, mas “um dos mais bizarros”.
A Sotheby’s espera que a edição sobrevivente do vaso ajude — com o trocadilho proposital — a “desentupir” o mercado de arte, que tem sofrido nos últimos anos, em parte porque a oferta de obras contemporâneas superou o número de colecionadores. A casa de leilões também aposta em um grande impacto, assim como aconteceu com a banana colada de Cattelan, Comedian, que virou sensação ao ser vendida ao bilionário cripto chinês Justin Sun por um valor muito acima da estimativa inicial de US$ 1,5 milhão.
O mictório de Duchamp
Fountain 1917, replica 1964 Marcel Duchamp
Reprodução
Galperin afirmou que os compradores em potencial devem ver "America" como parte de uma linhagem histórica que inclui Marcel Duchamp, que colocou um mictório sobre um pedestal em 1917 e escandalizou o mundo da arte ao chamá-lo de escultura.
“Duchamp pega o mictório comum, assina e o coloca num pedestal”, disse Galperin. “Cattelan o recria como uma réplica perfeita e, em vez de colocá-lo num pedestal, devolve-o ao uso no contexto mais comum possível.”
Em comunicado, Cattelan disse ao New York Times que sua obra é “a soma de muitos opostos.”“Tudo começou com algo muito prático: em um museu há muitos espaços sagrados — e apenas um que nunca é: o banheiro.”

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