Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

Trump acusa Nigéria de permitir ‘matança de cristãos’ e ameaça ação militar ‘rápida e feroz’

01/11/2025 22:04 O Globo - Rio/Política RJ

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou neste sábado enviar tropas americanas à Nigéria caso o governo do país continue “permitindo a matança de cristãos”. Em postagem na plataforma Truth Social, Trump afirmou que pediu ao Departamento de Defesa para se preparar para uma possível ação militar, acrescentando que os EUA também suspenderiam imediatamente toda ajuda e assistência ao país.
Em janeiro: Nigéria entra no Brics como 'parceiro', ao lado de Cuba e outros sete países
Análise: Trump insinua expansão territorial
“Os Estados Unidos podem muito bem entrar naquele país agora desacreditado, ‘armados até os dentes’, para eliminar completamente os terroristas islâmicos que estão cometendo essas horríveis atrocidades”, escreveu o presidente republicano, indicando que, se houver ataque, “será rápido, feroz e doce, assim como os bandidos terroristas atacam nossos queridos cristãos”.
A declaração ocorre um dia depois de Trump declarar a Nigéria como “país de particular preocupação” em termos de liberdade religiosa. Na sexta-feira, o presidente já havia ameaçado possíveis sanções e incluiu a nação africana na lista de monitoramento de países que, segundo os EUA, têm histórico de violações aos direitos religiosos. A lista inclui ainda China, Mianmar, Coreia do Norte, Rússia e Paquistão.
O governo nigeriano, por sua vez, repudiou a classificação e reafirmou seu compromisso no combate ao extremismo violento. Em nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores, o país disse que continuará defendendo todos os cidadãos, independentemente de raça, crença ou religião, e destacou que, “como os Estados Unidos, a Nigéria não tem outra opção senão celebrar a diversidade, que é nossa maior força”. O ministério ressaltou ainda que o país é temente a Deus e respeita fé, tolerância, diversidade e inclusão.
A Nigéria é o país mais populoso da África, com cerca de 220 milhões de habitantes, divididos entre cristãos e muçulmanos. O país enfrenta, há décadas, conflitos em que diferenças religiosas muitas vezes se sobrepõem a divisões étnicas ou disputas por recursos. O grupo extremista islâmico Boko Haram, ativo no nordeste da Nigéria, já matou dezenas de milhares de pessoas, em sua maioria muçulmanas, ao longo de 15 anos de insurgência.
Trump também pediu à Comissão de Apropriações da Câmara dos Representantes dos EUA que examine a situação e lhe apresente um relatório. Um subcomitê do Congresso americano realizou, no início deste ano, uma audiência sobre a perseguição a cristãos na Nigéria. O presidente da Comissão, o deputado Tom Cole, escreveu no X que a designação “envia uma mensagem forte: os EUA não ignorarão a perseguição aos cristãos”.
Em suas postagens, Trump afirmou, sem apresentar evidências, que “milhares de cristãos estão sendo mortos” e que islamistas radicais seriam responsáveis por esse “massacre em massa”. A Nigéria, formada por mais de 200 grupos étnicos que praticam cristianismo, islamismo e religiões tradicionais, possui uma história de coexistência pacífica, mas ainda enfrenta episódios recorrentes de violência intergrupal.
Desde que assumiu a Presidência americana, em janeiro, Trump já ameaçou usar aparato militar para tomar o Canal do Panamá ou a Groenlândia, território autônomo que faz parte da Dinamarca. No seu primeiro mandato, Trump já havia dito que gostaria de comprar o território dinamarquês de 55 mil habitantes, ecoando o ex-presidente americano Harry Truman, que chegou a oferecer US$ 100 milhões pelo território ao final da Segunda Guerra. Nenhuma das ameaças, porém, foi adiante.
(Com AFP)

Fonte original: abrir