
Sabino reitera compromisso com o governo e critica processo de expulsão no União Brasil: “Decisão açodada”
Em meio ao processo de expulsão aberto pelo União Brasil, o ministro do Turismo, Celso Sabino, decidiu permanecer no governo Luiz Inácio Lula da Silva e tem se afastado das articulações da própria legenda contra o Planalto. O ministro — que foi um dos principais articuladores da sigla dentro da Esplanada — tenta manter-se como ponto de equilíbrio entre o partido e o governo, num movimento de resistência à determinação de desembarque.
— Acho bom o movimento do governo de reorganizar a base. O governo hoje é a noiva, está bem avaliado. Estou me defendendo no processo que abriram, sigo ao lado do presidente Lula, entregando os nossos projetos — afirmou Sabino ao GLOBO.
O afastamento das conversas que buscam derrubar os vetos ambientais e tensionar a relação com o Planalto é interpretado como um gesto político. Desde que a Executiva do União Brasil decidiu, em 18 de setembro, que todos os filiados deixariam os cargos na Esplanada, Sabino vem postergando sua saída. Chegou a preparar uma carta de renúncia, mas recuou após pedido de Lula para que permanecesse no cargo durante a agenda da COP30 em Belém — decisão que irritou a cúpula do partido e levou à abertura do processo disciplinar.
— Acho que a decisão do partido foi açodada e apressada. A maior parte da bancada está comigo — disse nesta terça-feira.
As declarações foram dadas após agenda na Câmara dos Deputados.
O relator do caso, deputado Fábio Schiochet (SC), apresentou parecer por sua saída do partido. Após recomendar a expulsão, Sabino foi suspenso por 60 dias e agora tem este prazo para apresentar sua defesa.
Dirigentes ligados a António Rueda avaliam que a permanência de Sabino enfraquece a autoridade da direção e cria precedente para outros quadros descumprirem as decisões partidárias.
Nos bastidores, o Planalto decidiu não intervir diretamente no embate. A leitura é de que Sabino tem respaldo político no Pará e entregou resultados à frente do ministério — o que justifica mantê-lo até o fim da disputa interna. Pré-candidato ao Senado em 2026, ele vê na COP30 e no Círio de Nazaré vitrines essenciais para consolidar sua base eleitoral.
Em discurso ao lado de Lula em Belém, Sabino reforçou a aproximação com o presidente:
— Presidente Lula, o que nós fizemos juntos no Turismo nunca será esquecido. Nada, nenhum partido político, nenhum cargo e nenhuma ambição pessoal vai me afastar desse povo que eu amo e do Estado do Pará.
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