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Rastros de sangue

31/10/2025 00:52 A Tarde - Política

Entre as reflexões possíveis quando se verificam as circunstâncias da ofensiva da polícia do Rio de Janeiro, nas comunidades do “Alemão” e da “Penha”, salta um enigma a ser decifrado.Ou as equipes de segurança são despreparadas, a ponto de partirem para uma solução bélica, resultando em até 130 mortes, ou os ataques foram maquinados para resultar numa carnificina.Uma destas proposições será necessariamente verdadeira e a outra falsa: ou foi excesso de incompetência para operar um contexto tão delicado, ou foi excesso de “competência” para cumprir ordens de matar.O primeiro tropeço da Operação Contenção foi o de expor policiais aos tiroteios, bem como moradoras e moradores; o segundo é o de impor às tropas a feição de “justiceiras”, julgando, condenando e executando.Ora, o uso da inteligência teria resultado em planejamento, produzindo prisões e ataques específicos a pontos de alta probabilidade de concentração de narcotraficantes.Deliberou por derramar sangue, a rodo e a esmo, o governador Cláudio Castro, chamado “assassino terrorista” nas manifestações populares posteriores à operação.Passou para a história o triste recorde, tendo superado o massacre da penitenciária “Carandiru”, com 111 detentos mortos em 1992; a cicatriz do desastre no Rio será a imagem de corpos enfileirados em praça pública.Tirar proveito das angústias da cidadania, no contato com a ilegalidade, teria motivado a opção por armamento pesado, forçando a resposta dos suspeitos, em violência proporcional.Tivessem aqueles a quem se atribui a ordem de fuzilar aprendido ou copiado o método da Operação Carbono Oculto, realizada dois meses antes, poderiam alcançar a meta de desarticular o crime sem prestar culto à morbidez.Sem disparar sequer um tiro, a articulação gerou bloqueio de recursos e detenção de envolvidos, mas no caso carioca o desejo de matar prevaleceu.

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