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Plano de recuperação de restinga e novas unidades de conservação ampliam proteção ao meio ambiente na Barra e em Jacarepaguá

02/11/2025 10:01 O Globo - Rio/Política RJ

O fim de 2025 chega com três novas iniciativas de preservação de florestas, parques, orla e lagoas na Zona Sudoeste. A Secretaria municipal de Meio Ambiente e Clima (Smac) lançou o Plano Permanente de Restauração das Restingas, que começa pelas praias da Barra e do Recreio; aguarda a sanção do projeto de criação de três novas unidades de conservação que deverão formar o Corredor Azul, cobrindo das florestas de Jacarepaguá até a orla de Barra e Recreio; e iniciou um projeto de reflorestamento no Parque Natural Municipal da Prainha.
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As três iniciativas foram aceleradas para que já estivessem em andamento até a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP 30, que será realizada entre 10 e 21 de novembro em Belém. Mas os resultados prometem ser duradouros.
O Plano Permanente de Restauração das Restingas prevê o mapeamento de danos e um diagnóstico detalhado sobre a preservação da vegetação de restinga, além de programas de conscientização de usuários das praias com novos protocolos, trabalho integrado com outras secretarias (como a de Esportes e Lazer e a de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento) e monitoramento de um trecho da orla a cada mês.
De acordo com a Smac, a implantação começa pelas orlas de Barra e Recreio porque estas são as áreas onde há maior dificuldade na manutenção da restinga e também onde ela é mais abundante.
— É uma região tensionada pelo uso irregular da orla, e há uma necessidade constante de fiscalização — destaca Tainá de Paula, titular da Smac.
Equipes de quiosques e Orla Rio plantam mudas em trecho da orla
Divulgação
No mês passado, 67 quiosques de Barra e Recreio com irregularidades foram notificados, recebendo um prazo de 30 dias para adequação, sob pena de multa. Em muitos deles, o problema era justamente o avanço sobre a área de restinga. De acordo com Tainá, o prazo foi concluído na semana passada, e todos cumpriram as exigências feitas.
— O mais preocupante é a retirada de restinga para a colocação de deques, mesas, cadeiras e bancos. Há diversos quiosques que se comportam como restaurantes e como casas de show ao longo dessa orla. Tentamos mediar com o empresariado e com a própria (concessionária) Orla Rio para chegarmos até o fim do ano com um novo parâmetro, que consiga adequar a boa atividade econômica na orla — explica Tainá.
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Cada quiosque tem autorização para ocupar uma área de até 60 m² e instalar até 20 conjuntos formados por uma mesa e quatro cadeiras. No entanto, muitos se expandem para além desse limite na Barra e na Zona Sul da cidade. A prefeitura gasta entre R$ 3,5 milhões e R$ 4 milhões por ano para restaurar vegetação de restinga, mas é comum áreas já replantadas serem novamente degradadas, diz a Smac. O plano prevê responsabilidade compartilhada na recuperação.
— A ideia é que o próprio quiosqueiro empresário faça esse movimento de replantio a partir da nossa notificação, para que o estado e o município não sejam penalizados duplamente — explica a secretária.
Em agosto, o Laboratório de Geografia Marinha da UFRJ publicou uma pesquisa mostrando que a perda de dunas e de área de restinga na orla da Barra pode fazer com que o bairro, em poucos anos, sofra consequências parecidas com as vistas no Leblon, como pistas alagadas e com areia após ressacas. Uma das autoras, Flavia Lins de Barros destaca que este replantio tem que ser feito com cuidados específicos.
— É preciso haver um estudo de ecologia, para saber qual espécie é nativa, dar um distanciamento adequado entre as mudas, regá-las periodicamente e fazer uma cerca neste momento inicial. Depois entra-se com espécies secundárias. É importante ainda evitar jogar lixo e pisoteá-las. Passarelas suspensas são uma opção — sugere a docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFRJ.
Ela explica que a vegetação de restinga cria uma barreira natural na praia:
— A areia vem com vento, encontra a vegetação e vai se depositando em dunas.
O Mirante do Caeté, no Parque Natural Municipal da Prainha
Pablo Jacob 14/07/2018
Corredor Azul vai da floresta às lagoas
Antes da notificação pela Secretaria do Meio Ambiente, os donos de quiosques tiveram uma reunião educativa com funcionários da pasta e representantes da Orla Rio, que administra a maior parte dos quiosques da cidade. A concessionária afirma que frequentemente se reúne com todos os operadores para reforçar a importância da ocupação correta da orla carioca e que integra o programa Adote Rio, da Fundação Parques e Jardins. A empresa aderiu à iniciativa e estimula os comerciantes a fazerem o mesmo, adotando o trecho em torno do seu estabelecimento e se tornando responsáveis por sua manutenção.
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