No lugar de um antigo aterro sanitário, nasce o Solário Carioca na Zona Oeste do Rio
Sem qualquer uso desde fins dos anos 1990, devido à instabilidade do solo provocada por milhares de toneladas de lixo jogadas ao longo de anos, um terreno de 200 mil metros quadrados, antigo aterro sanitário em Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade, ganha a partir deste domingo nova função, às vésperas da COP 30 em Belém do Pará. No espaço, será inaugurada a primeira usina de geração de energia solar da cidade levantada através de parceria público privada. Batizado de Solário Carioca, o complexo tem 9.214 placas de captação de luz, capazes de gerar 5 megawatts de energia por dia para órgãos públicos.
COP 30: desmatamento na Amazônia tem queda de 11% no período 2024-2025
Vem Passarinhar: programa do Inea já registrou mais de 500 espécies de aves silvestres nas reservas florestais do estado
A produção de energia própria vai permitir um abatimento de R$ 2 milhões por ano nas contas da prefeitura com a Light. Essa nova geração é suficiente para abastecer, por exemplo, 15 UPAs ou 45 escolas públicas da cidade.
Desafios em debate
A parceria público privada que viabilizou a implantação do solário terá duração de 25 anos. O projeto foi desenvolvido com o apoio do C40, entidade que reúne representantes das maiores cidades do mundo e que, a partir desta segunda-feira, promove no Rio um fórum para discutir desafios ambientais comuns a grandes metrópoles, dentro dos preparativos da COP 30.
— A inspiração vem de cidades da Alemanha que reaproveitaram terrenos em situações semelhantes para captação de energia. No Brasil, duas capitais destinaram áreas de antigos aterros para o programa. A outra foi Curitiba — diz o coordenador de Relações Internacionais da Prefeitura do Rio, Ilan Cuperstein.
No caso de Curitiba, o projeto se chama Pirâmide Solar de Curitiba e foi o primeiro do gênero em toda a América Latina. O espaço foi aberto em março de 2023 dentro das comemorações dos 330 anos da capital paranaense. Lá, foram necessários cerca de 8,6 mil painéis. No Rio, a quantidade de painéis é menor, porque os equipamentos são mais modernos e têm mais capacidade de armazenagem por unidade.
— O Solário Carioca é um marco na trajetória da sustentabilidade da cidade. Mostra ser possível transformar um antigo aterro em um polo de inovação e geração de energia limpa, unindo tecnologia, visão estratégica e compromisso ambiental — diz o prefeito Eduardo Paes.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Osmar Lima, afirma que a escolha do local é emblemática como estratégia ambiental:
— Em qualquer cidade do mundo, é um desafio o reaproveitamento sustentável de antigos aterros sanitários.
Novas áreas
O município estuda outras áreas para a implantação de solários. A legislação brasileira permite a criação de mais de um solário por instituição, desde que cada um deles não produza mais do que 5 megawatts. Segundo o prefeito, a ideia é chegar a 20 megawatts de geração própria até 2028. Os três novos pontos serão escolhidos entre cinco imóveis que atualmente estão sem uso pela prefeitura. Um dos locais em análise também é um antigo aterro desativado na Zona Oeste. Fica no bairro de Gericinó, vizinho a um terreno onde a prefeitura inaugurou no mês passado o primeiro aterro público para coleta de entulho da cidade.
— O Solário Carioca é uma poderosa ilustração de como as cidades podem adotar soluções criativas para garantir um futuro mais verde para suas comunidades. O Rio demonstra como a ação climática urbana pode ser ambiciosa e transformadora — avalia o diretor executivo do C40, Mark Watts, que acompanhou a implantação do solário.
O desenho da PPP teve o apoio da GIZ - Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (Agência Alemã de Cooperação Internacional), controlada pelo governo alemão.
— A usina de Santa Cruz é um exemplo de como cidades podem transformar espaços subutilizados em polos de energia limpa — ressaltou Jochen Quinten, diretor da GIZ para o Brasil.
Fonte original: abrir