Lideranças indígenas denunciam interferências e reafirmam apoio a coordenador

Em uma demonstração de unidade política, cerca de 25 caciques, vereadores e lideranças indígenas dos povos Terena, Kadiwéu, Kinikinau e Atikum se reuniram nesta quarta-feira (5) na sede da FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), em Campo Grande, para manifestar apoio à permanência de Elvis Terena na coordenação regional do órgão. O encontro resultou em uma carta de repúdio encaminhada à presidenta da FUNAI, Joênia Wapichana, ao secretário executivo do ministério dos povos indígenas, Eloy Terena e à Presidência da República. O ato reuniu representantes dos povos Terena, Kadiwéu, Kinikinau e Atikum, além de lideranças do contexto urbano ligadas à OTGD (Organização Todos do Povo Terena da Grande Dourados). Os participantes destacaram que o movimento não é isolado, mas reflete uma posição coletiva e construída a partir das bases, em defesa de uma gestão considerada legítima e comprometida com as comunidades. Durante a reunião, as lideranças manifestaram repúdio às tentativas de substituição de Elvis Terena na coordenação regional sem consulta prévia às comunidades. Segundo relatos apresentados, a iniciativa teria partido de um pequeno grupo de caciques da Terra Indígena Buriti, supostamente sob influência do secretário executivo do Ministério dos Povos Indígenas, Luiz Eloy Terena, e do coordenador do Conselho Terena, Valcelio Figueredo. Os participantes afirmaram não ter sido informados ou consultados sobre as movimentações e consideraram o episódio uma afronta ao princípio da autonomia indígena e ao respeito às instâncias locais de decisão. Afirmaram também que decisões tomadas “de cima para baixo” minam o diálogo e desconsideram a legitimidade das lideranças que atuam diretamente nas aldeias e nas coordenações regionais. Em discursos, Elvis Terena foi citado como uma liderança que tem mantido diálogo aberto com as comunidades e garantido o funcionamento da FUNAI regional de forma transparente e participativa. Lideranças ressaltaram avanços na articulação de políticas públicas, apoio a projetos comunitários e fortalecimento da presença institucional da FUNAI nas aldeias. “Defendemos uma gestão construída com as bases, ouvindo as comunidades e respeitando a palavra dos caciques e representantes que vivem e sentem a realidade dos territórios”, afirmaram indígenas que assinaram uma carta aprovada no encontro. Ao final da reunião, os participantes aprovaram por unanimidade uma carta de repúdio endereçada à presidenta da FUNAI, Joênia Wapichana, e à Presidência da República. O documento denuncia as tentativas de interferência política, reafirma a legitimidade da gestão de Elvis Terena e solicita providências para garantir que futuras decisões sobre coordenações regionais sejam tomadas com base no diálogo e na escuta das comunidades. O texto da carta afirma que a condução de mudanças internas sem consulta às bases “fere o princípio da autodeterminação dos povos e coloca em risco o trabalho coletivo que vem sendo desenvolvido na região do Pantanal”. Também reforça que as lideranças presentes “reconhecem a importância do trabalho desempenhado pela atual coordenação, pautado na transparência e no respeito às tradições e às estruturas locais”. Outro ponto de destaque do encontro foi o rompimento público de diversas lideranças com o atual coordenador do Conselho Terena, Valcelio Figueredo. Caciques de várias regiões afirmaram não se sentirem mais representados pelo conselho e solicitaram sua substituição imediata.

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