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Ícone do dancehall, Sister Nancy faz shows no Rio, SP e Salvador: ‘Acho que o Brasil me ama’

06/11/2025 07:30 O Globo - Rio/Política RJ

Sister Nancy, cantora jamaicana ícone do dancehall, tem um palpite para o grande volume de agendas a cumprir no Brasil.
— Acho que o Brasil me ama — diverte-se, ao telefone, em conversa com o GLOBO.
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Nancy mora nos EUA desde os anos 1990, mas visita frequentemente seu país para encontrar a família, com quem conta manter relação muito próxima. Seus parentes felizmente passaram sãos e salvos pelo furacão Melissa, que causou destruição.
Conversando de sua casa na Carolina do Norte, Sister Nancy se prepara para desembarcar no Brasil para três apresentações. A primeira delas será no festival Afropunk, em Salvador, neste domingo, dia 9; logo depois, parte para São Paulo, no Cine Joia, terça-feira, dia 11; e em seguida vai ao Rio, dia 13, no Kingston Club.
'Bam bam'
O desembarque no Brasil, a cantora ressalta, será o de uma voz que está marcada pela passagem do tempo, mas na qual Nancy vê um dom divino.
— Há uma mudança. Ninguém soa do mesmo jeito que soava aos 20 quando chega aos 60. Toda a minha voz sempre foi minha. Ela agora é madura, pura e melhor — diz. — Não tenho controle sobre a minha voz, apenas canto. Deus é quem controla. Eu não planejo cantar da maneira que canto, eu nasci assim. Eu não pratico, não fico treinando. É o que Deus quer de mim.
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Aos 63 anos, Sister Nancy já acumula quase 50 anos desde que decidiu se dedicar à música, quando era uma adolescente. E diz que mesmo com tanto tempo de atividade é difícil avaliar o que é, afinal, o mercado da música para as mulheres.
— É impossível para mim falar sobre o mercado para as outras mulheres. Eu faço o que posso para a minha vida. Porque não é um mundo dominado por mulheres, é um mundo dominado por homens. Acho que as mulheres lutam mais. Temos que trabalhar o melhor que podemos para nos estabelecermos e para construir nosso próprio domínio e ter espaço — diz.
A voz jovem de Nancy foi imortalizada na canção “Bam Bam”, gravada originalmente em 1982. A faixa é considerada um ícone do reggae e foi sampleada dezenas de vezes. O “retrabalho” sobre a voz de Nancy inclui versões com Jay-Z, Kanye West, Chris Brown, entre outros nomes da indústria. Por décadas, inclusive, Nancy não recebeu direitos autorais relativos à canção, um problema resolvido há alguns anos. A faixa chegou a ser chamada de “a mais sampleada da história”. E, claro, segue sendo ouvida por sua intérprete mais famosa.
— Coloco para tocar em casa, no carro. Adoro essa música — diz a cantora, que trabalhou por anos como funcionária de banco nos EUA, sem nunca deixar a música.
A cantora Sister Nancy
Dia Dipasupil/Getty Images via AFP
'Luto pela minha riqueza'
Ela conheceu o ramo ao lado do irmão mais velho, Brigadier Jerry (nome de trabalho de Robert Russell).
— Meu irmão Brigadier Jerry é o que me motiva. Minha comunidade está sempre comigo, Jamaica ama a Sister Nancy. (O começo foi) só uma voz perfeita, uma música perfeita, e isso tudo veio do meu irmão mais velho. Eu peguei isso dele — conta, mas com suas ressalvas. — Bem, ele não me ensinou nada, mas eu segui os seus passos.
Jerry, inclusive, é a figura com que Nancy mais gosta de trabalhar. E, sem muitos rodeios, diz logo que não aprecia tanto assim fazer colaborações musicais — a não ser que seja com Jerry ao seu lado. Apesar disso, a cantora lançou neste ano a faixa “Easy”, com os produtores colombianos Benny Bajo PNO e Kmmy Ranks.
— Não sou 100% fã de colaborações. Não faço sempre, só quando me parece certo. Eu estava na Colômbia quando gravamos essa faixa e já gravei com gente no Brasil, no Rio. Mas se você me disser para eu escolher alguém para colaborar seria com meu irmão — declara-se. — Meu irmão é uma das pessoas que olho e me reconheço. Existe uma unidade entre mim e minha família. É uma unidade, não é uma pretensão.
É do núcleo familiar que Sister Nancy acredita ter herdado sua postura altiva.
— Sempre fui uma mulher forte, criada entre irmãos e irmãs fortes. Você tem que ser forte para lutar pelo que pensa, pela sua vida, sua liberdade. Ninguém pode te ensinar a lutar, tem que aprender sozinho. Sou uma lutadora e nunca vou parar. Essa força está dentro de mim. Adoro isso — diz. — Hoje luto pela minha riqueza, mas não pelo dinheiro, pela riqueza da vida em si, de tudo o que é bom na vida.

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