Governo Trump diz ao Congresso que não pretende ataque terrestre na Venezuela por falta de arcabouço legal
Numa reunião conduzida pelo secretário de Estado Marco Rubio, pelo secretário de Defesa Pete Hegseth e por um funcionário do Escritório de Assessoria Jurídica da Casa Branca com legisladores nesta quarta-feira, as autoridades do governo afirmaram que os Estados Unidos não planejam, hoje, lançar ataques dentro da Venezuela. A informação foi dada pela CNN e ainda dispõe que a avaliação da alta cúpula é de que não tem justificativa legal que apoie ataques contra quaisquer alvos terrestres no momento. Antes, o Wall Street Journal (WSJ) revelou que Trump expressou dúvidas a seus principais assessores sobre a possibilidade de lançar uma ação militar para depor o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, temendo que isso não o force a renunciar.
Contexto: Trump tem dúvidas sobre se ação militar na Venezuela realmente derrubaria Maduro, diz jornal
Em meio a crise militar com os EUA: Maduro incentiva uso de aplicativo para denunciar comportamentos suspeitos na Venezuela, diz site
Segundo fontes da CNN, os representantes do Congresso foram notificados que o parecer produzido pelo Escritório de Assessoria Jurídica do Departamento de Justiça (OLC, na sigla em inglês) para justificar ataques contra barcos de supostos narcotraficantes não permite ataques dentro da própria Venezuela ou em quaisquer outros territórios. A “ordem de execução” que lançou a campanha militar dos americanos no Caribe, iniciada há cerca de dois meses, também não se estende a alvos terrestres, disseram os participantes do encontro confidencial. No entanto, eles não descartam futuras ações.
A administração republicana dispõe de uma lista com 24 cartéis e organizações criminosas diferentes que atuam na América Latina, dizem as fontes, e estaria autorizada a combater apenas os seus integrantes. Esse material teria sido produzido pelo próprio OCL. Mas o governo estaria buscando um parecer jurídico à parte do órgão que dê embasamento para realizar ataques terrestres sem que o Congresso seja consultado, afirmou uma autoridade americana, mesmo sem nenhuma decisão na mesa sobre uma eventual invasão.
— O que é verdade hoje pode muito bem não ser amanhã — disse o informante à CNN ao discutir a política atual, ressaltando que Trump ainda não decidiu como lidará com a Venezuela.
Initial plugin text
Quanto ao aumento de recursos militares nas rotas caribenhas, que em breve incluirá o porta-aviões USS Gerald R. Ford e seu grupo de ataque, as fontes garantem que serve apenas para apoio às operações antidrogas e coleta de inteligência. O deslocamento das tropas elevou o termômetro de uma possível invasão.
Um clima de incerteza paira em Washington. O debate sobre a legalidade de uma ofensiva militar em solo venezuelano expôs as divisões dentro do governo americano sobre como lidar com o regime de Caracas, mesmo após a ampliação da presença militar dos Estados Unidos no Caribe e as ameaças públicas de Trump. O presidente, segundo o WSJ, ainda não decidiu se o objetivo de Washington deve ser a derrubada de Maduro ou apenas a obtenção de concessões políticas e econômicas do líder venezuelano.
Por ora, Trump estaria satisfeito em aumentar gradualmente a presença militar americana na região, mantendo a ofensiva contra embarcações supostamente ligadas ao tráfico de drogas. O último ataque aconteceu na terça-feira, quando a Marinha dos EUA destruiu uma embarcação no Pacífico Oriental, matando dois tripulantes.
— Estamos destruindo-os, ligados ao regime de Maduro na Venezuela — declarou Trump em discurso em Miami na quarta-feira.
Initial plugin text
A operação atual representa a maior mobilização militar dos EUA na região em décadas. A chegada da frota reforça o poder de fogo americano caso Trump decida ordenar bombardeios com caças e mísseis de cruzeiro Tomahawk de longo alcance.
Analistas militares citados pelo jornal afirmam, porém, que o ritmo lento da navegação e os exercícios adicionais da frota indicam que Washington ainda não se decidiu sobre uma intervenção direta.
— Quando foram enviados, provavelmente não se prepararam para este cenário — avaliou Bryan Clark, do Hudson Institute. — Precisam garantir que estão prontos para o tipo de operação que pode ser exigida no Caribe.
Fonte original: abrir