Egito inaugura grande museu com relíquias faraônicas após duas décadas de obras e investimento de R$ 5,3 bilhões
O Egito inaugura oficialmente neste sábado, após anos de atraso, um grande museu dedicado à civilização faraônica, com o objetivo de impulsionar o turismo e reaquecer a economia do país, em uma grandiosa e aguardada cerimônia no Cairo.
Após 40 anos de mistério: Coreia do Norte revela interior do 'Hotel da Perdição', prédio que nunca recebeu hóspedes
Conheça a icônica mansão de Windsor: Após decisão do rei Charles III, príncipe Andrew deve deixar o Royal Lodge
O complexo, com vistas panorâmicas para as pirâmides de Gizé e custo superior a US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,3 bilhões, na cotação atual), foi isolado à espera do megaevento que começará às 19h30 locais (17h30 GMT), após vinte anos de obras titânicas.
Para a cerimônia, é esperada a presença de cerca de 80 delegações oficiais, entre elas “40 chefiadas por reis, príncipes, chefes de Estado ou de governo”, segundo o Ministério Egípcio das Relações Exteriores.
Egito inaugura grande museu com relíquias faraônicas após duas décadas de obras e investimento de R$ 5,3 bilhões
AFP
A colossal fachada do Grande Museu Egípcio, com mais de 50 mil m² e que abrirá ao público na próxima terça-feira, tem sido iluminada nas últimas noites como prelúdio do tão aguardado espetáculo.
As autoridades esperam receber milhões de visitantes por ano nesse edifício contemporâneo, que abriga cerca de 100 mil peças da antiguidade egípcia — algumas nunca antes expostas.
Entre os principais atrativos, destacam-se as 5 mil peças do tesouro de Tutancâmon, reunidas pela primeira vez em um só lugar desde que o arqueólogo britânico Howard Carter o descobriu em 1922, em um túmulo do Vale dos Reis, no Alto Egito.
Também chama a atenção a estátua de granito de 11 metros de altura de Ramsés II, que reinou por mais de seis décadas há mais de 3 mil anos. Os faraós governaram o Egito ao longo de 5 mil anos, em 30 dinastias sucessivas.
Egito inaugura grande museu com relíquias faraônicas após duas décadas de obras e investimento de R$ 5,3 bilhões
AFP
Diferentemente do centenário e exíguo museu localizado no centro da capital egípcia, o novo espaço oferecerá galerias imersivas, iluminação de precisão, exposições de realidade virtual e até um museu infantil.
Os apaixonados por arqueologia poderão acompanhar, por meio de uma grande janela, o trabalho do laboratório de conservação responsável por restaurar uma barca solar de 4.500 anos, encontrada enterrada perto da pirâmide de Quéops.
Aposta no turismo
Depois de sucessivos adiamentos devido à Primavera Árabe e, mais tarde, à pandemia de Covid-19, o dia 3 de julho havia sido definido como data de abertura.
Mas, na última hora, em meio a tensões no Oriente Médio e para dar ao evento “a amplitude mundial que merece”, as autoridades optaram por adiar novamente.
Egito inaugura grande museu com relíquias faraônicas após duas décadas de obras e investimento de R$ 5,3 bilhões
AFP
Observadores alertam que o sucesso a longo prazo dependerá de um turismo estável e de uma infraestrutura sólida.
O futuro do museu dependerá da “manutenção regular para preservar o edifício e seus tesouros”, afirmou o arqueólogo egípcio Hussein Bassir.
— Se o atual impulso não for mantido, o museu poderá perder rapidamente seu atrativo e o número de visitantes poderá despencar — advertiu ele à AFP.
Após anos marcados por instabilidade política, atentados e a pandemia, o setor turístico — essencial para a economia egípcia — começa a se recuperar.
Elhamy al Zayat, ex-presidente da federação egípcia de turismo, afirmou à AFP que o museu faz parte de um plano mais amplo para transformar toda a planície de Gizé.
“O Egito criou uma zona cultural e turística completamente nova” na região, com um aeroporto próximo e instalações aprimoradas para os visitantes das pirâmides, declarou.
As autoridades renovaram as estradas que levam à planície, implementaram um sistema de venda de ingressos eletrônicos e autorizaram a circulação de ônibus com ar-condicionado diante das pirâmides.
O Egito recebeu 15 milhões de visitantes estrangeiros nos nove primeiros meses do ano — um aumento de 21% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O setor gerou US$ 12,5 bilhões em receitas no período, alta de 14,7%, segundo dados oficiais.
Os responsáveis pelo museu estimam que o local poderá atrair até sete milhões de visitantes por ano, o que poderia elevar o total de turistas do país para 30 milhões até 2030.
Ainda assim, alguns observadores se mostram cautelosos diante da instabilidade regional e das pressões econômicas que, segundo eles, podem comprometer o potencial do museu de impulsionar o turismo egípcio.
Fonte original: abrir