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Conselho de Segurança da ONU restringe mandato de missão de paz na Colômbia

01/11/2025 12:35 O Globo - Rio/Política RJ

O Conselho de Segurança da ONU restringiu na sexta-feira o mandato de sua missão de manutenção da paz na Colômbia, sob pressão dos Estados Unidos, que se opõem fortemente às políticas do presidente colombiano, Gustavo Petro. A decisão prorroga a missão até 31 de outubro de 2026, mas concentra-se em sua função principal de apoiar a verificação e o acompanhamento do acordo de paz de 2016, assinado entre o Estado e a extinta guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
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A resolução foi aprovada com 12 votos a favor e duas abstenções —Estados Unidos e Rússia. Criada após o pacto entre a extinta guerrilha da Farc e o governo de Juan Manuel Santos, o então presidente e Prêmio Nobel da Paz, a Missão de Verificação na Colômbia da ONU supervisiona a implementação do acordo, que levou ao desarmamento de milhares de guerrilheiros. Seu mandato foi posteriormente ampliado, em especial, para incluir o acompanhamento das decisões judiciais relacionadas ao conflito e as disposições para a proteção das minorias étnicas do país.
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No início de outubro, o embaixador americano na ONU, Mike Waltz, criticou as políticas "irresponsáveis" do presidente Petro e questionou o apoio americano à renovação da missão. Ele argumentou que seu mandato havia sido ampliado "para refletir excessivamente as prioridades políticas", em particular o "apoio aos grupos étnicos minoritários".
Diante do risco de um veto americano, o Conselho de Segurança, cujos membros em sua maioria expressam forte apoio à missão, chegou a um acordo e reduziu suas responsabilidades.
'Risco de impunidade'
Na sexta-feira, Washington elogiou o Reino Unido, responsável pela redação da resolução, por "reorientar" o mandato da missão.
— Os Estados Unidos ainda têm reservas importantes sobre o processo de paz colombiano, incluindo a deterioração da situação de segurança e o risco de impunidade para terroristas e narcotraficantes — declarou Waltz na sexta-feira ao justificar sua abstenção.
A embaixadora colombiana na ONU, Leonor Zalabata Torres, enfatizou que a Colômbia, como "a grande maioria dos membros" do Conselho de Segurança, desejava preservar "a dimensão étnica e de justiça transicional do mandato" da missão. No entanto, comemorou essa renovação, embora limitada, que representa "um estímulo para perseverar na busca pela paz", disse Torres.
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No último dia 24, Washington anunciou sanções contra Petro, seu filho, sua esposa e seu ministro do Interior por envolvimento no tráfico internacional de drogas, acusando-os de não terem conseguido conter a produção de cocaína no país. A medida escalou a tensão já existente com a liderança de um dos países sul-americanos mais próximos dos EUA.
Dias antes, o presidente Donald Trump tinha atacado Petro e afirmado que Washington encerraria "pagamentos e subsídios" à Colômbia pela produção de drogas. Além disso, no final de setembro, o governo de Trump revogou o visto do presidente colombiano após Petro ter participado de uma manifestação pró-Palestina à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York e instou as forças armadas americanas a "desobedecerem".
A escalada de atrito ocorre em meio à presença americana nas águas caribenhas, próximo à Venezuela, cujas embarcações suspeitas de tráfico de drogas têm sido alvo do governo Trump. Até o momento, ao menos 61 pessoas foram mortas. Em meados de outubro, Petro denunciou que os Estados Unidos violaram suas águas e assassinaram um pescador "que não tinha vínculos com o narcotráfico e sua atividade diária era pescar", como descreveu na rede social X.
Washington alega que está combatendo “narcoterroristas”, mas especialistas ouvidos pelo jornal americano Washington Post apontam para violações da lei internacional e denunciam execuções extrajudiciais.

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