Caminhos de Niterói: debate sobre segurança pública defendeu uso de tecnologia, integração entre poderes e investimento em ações sociais
A transformação da segurança pública em Niterói foi o eixo do Caminhos de Niterói, evento realizado no auditório da Editora Globo com autoridades e especialistas diretamente envolvidos na formulação e execução de políticas de redução da violência. A íntegra do debate, que teve a mediação do jornalista Rafael Galdo, está disponível no canal do GLOBO no YouTube.
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O prefeito Rodrigo Neves abordou a criação de estruturas como o Pacto Niterói Contra a Violência, que combinam investimento social e fortalecimento da presença do Estado em áreas vulneráveis.
Representando as forças de segurança local, o tenente-coronel Leonardo Borges, comandante do 12º BPM, detalhou a relação integrada entre Polícia Militar e administração municipal.
Entre os especialistas convidados esteve o colombiano Hugo Acero. Ex-secretário de Segurança de Bogotá, ele ajudou a reverter cenários dominados por facções e compartilhou exemplos de ações que priorizam governança e ocupação social de territórios.
O painel contou ainda com a antropóloga Carolina Grillo, professora da UFF e referência em estudos sobre criminalidade nas metrópoles brasileiras.
Também participou Alberto Kopittke, diretor-executivo do Instituto Cidade Segura e consultor de diversos governos brasileiros. Ele tratou da importância da análise de dados, da integração institucional e da prevenção como pilares para políticas eficientes e sustentáveis de segurança pública.
O Caminhos de Niterói é uma realização dos jornais O GLOBO e Extra com apoio da Prefeitura de Niterói. Veja a seguir um resumo do que foi dito no encontro.
Hugo Acero
‘A questão é a ausência do Estado em certas áreas’
“Primeiro, é preciso reconhecer o problema. Quando chegamos a Bogotá, a cidade tinha uma taxa de 80 homicídios por cada cem mil habitantes. Nove anos depois, saímos com uma taxa de 23, e hoje a taxa está em 14. Na Colômbia, os prefeitos têm responsabilidade constitucional e legal em matéria de segurança. Então, nosso prefeito, em uma cidade de oito milhões de habitantes, assumiu essa liderança. Liderança de quem governa, seja presidente, governador ou prefeito. Há territórios onde o Estado não tem controle. São os criminosos os que têm controle do território. E este não é um problema só de polícia e militares. Se o Estado, se o desenvolvimento social, não trabalha em seus territórios, não é possível recuperá-los. Então, se requer a presença de segurança e justiça, mas também a presença das organizações de desenvolvimento social. Tem que entrar com saúde, educação e outros projetos que sejam capazes de realizar a retomada completa do local. É fundamental para isso ouvir quem vive nessas áreas. A estratégia contra o crime incluiu a convocação da Polícia Nacional, do Departamento de Inteligência, do Ministério Público, das Forças Militares e da Justiça. A questão fundamental da América Latina é a ausência do Estado em certas áreas. Tem que ir atrás das ligações políticas, porque o verdadeiro traficante não mora na favela.”
Rodrigo Neves
‘O cidadão espera uma segurança pública mais eficiente’
“O cidadão não é federal, não é estadual, nem municipal. Ele é cidadão. E como cidadão, ele espera do Estado brasileiro uma resposta que lhe garanta o direito de viver e uma segurança pública mais eficiente nas cidades. Na época (há dez anos), a cidade (Niterói) vivia uma realidade dramática, com indicadores de criminalidade superiores aos da capital fluminense. O roubo de veículos era igualmente alarmante. As ruas eram palco de assaltos à luz do dia, com a atuação do chamado ‘bonde do fuzil’ gerando um clima de pavor entre moradores e visitantes. Niterói, há dez anos, tinha uma realidade completamente diferente da que tem hoje. Não existem soluções simples para problemas complexos. São dez anos fazendo reunião de maneira quase que religiosa, sistemática, com os coordenadores e operadores de segurança pública da cidade, estudando mês a mês os indicadores de violência. E o Gabinete de Gestão Integrada foi uma ferramenta muito importante para os avanços que Niterói teve. Decidimos encarar esse desafio, priorizando a estruturação de um plano de prevenção à violência urbana com base nas melhores experiências internacionais. Até porque as melhores experiências internacionais de prevenção à violência e combate ao crime foram lideradas pelo poder público local.”
Leonardo Oliveira
‘Trabalhamos com união, com respeito entre as instituições’
“Aqui em Niterói, nós testemunhamos todo o esforço da gestão municipal em acreditar na Polícia Militar, nas polícias como um todo, entendendo as dificuldades da nossa instituição em termos de recursos e as nossas necessidades. O município aderiu a convênios estabelecidos como o Programa de Integração da Segurança (Proeis). Trabalhamos com união, com integração, com respeito entre as instituições. Isso é muito important
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